sexta-feira, 18 de abril de 2025
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Mais da metade dos brasileiros já sofreram golpes digitais e projetos de Lei surgem para combater fraudes

golpes digitais
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No Brasil de 2025, a realidade dos golpes digitais é tão cotidiana quanto o uso da internet. A cada 2,8 segundos, uma tentativa de fraude é bloqueada no país, totalizando mais de 11,5 milhões de ataques evitados em um ano, segundo o Relatório de Identidade e Fraude da Serasa Experian. Apesar disso, a proteção não chega a todos: 51% dos brasileiros já foram vítimas de fraudes digitais, sendo que mais da metade enfrentou perdas financeiras. O avanço da tecnologia, que trouxe conveniência ao dia a dia, também escancarou vulnerabilidades, transformando a segurança digital em um desafio urgente – e em uma pauta legislativa.

A digitalização acelerada abriu portas para criminosos que operam com ferramentas cada vez mais avançadas. Inteligência artificial, deepfakes e redes organizadas na dark web transformaram a fraude em um mercado paralelo estruturado. Hoje, pacotes de golpes são vendidos como serviços sob medida: de perfis falsos hiper-realistas a mensagens de phishing personalizadas, os criminosos exploram a engenharia social para enganar suas vítimas. “A fraude deixou de ser um evento isolado e se tornou uma indústria”, alerta Caio Rocha, diretor de Autenticação e Prevenção à Fraude da Serasa Experian.

Os idosos são os alvos preferidos, com 57,8% dos brasileiros acima de 50 anos relatando terem sofrido golpes. Em seguida, aparecem os adultos entre 30 e 49 anos (45,5%) e os jovens de 18 a 29 anos (40,8%). O método mais comum é o uso indevido de cartões de crédito, que responde por 47,9% dos casos – um aumento de nove pontos percentuais desde 2023. Outras táticas, como phishing (21,6%) e fraudes com boletos falsos ou Pix (32,8%), também crescem, enquanto o uso de deepfakes recua de 9% para 3,8%, pressionado pelo avanço da biometria facial.

A percepção de risco já impacta o bolso e o comportamento dos brasileiros. Cerca de 76% dos consumidores aceitariam pagar mais por empresas que ofereçam proteção digital, um salto em relação aos 62% registrados no ano anterior. Ainda assim, o cartão de crédito, sendo o principal alvo dos fraudadores, segue como o meio de pagamento favorito: 84% o utilizam, e 60% o consideram seguro. Já o Pix enfrenta uma crise de confiança: seu uso caiu nove pontos percentuais em 2024, e a percepção de segurança despencou de 32% para 22%, impulsionada por golpes como QR Codes falsos e transferências fraudulentas.

“Os consumidores estão mais atentos, mas o equilíbrio entre conveniência e segurança é delicado. Seis em cada dez brasileiros escolhem onde comprar com base na proteção oferecida”, observa Rocha. A biometria facial surge como aliada, com 71,8% dos entrevistados se sentindo mais seguros ao usá-la – um aumento significativo em relação aos 59% de adesão em 2023.

Diante do avanço das fraudes, o Congresso Nacional reage com propostas para endurecer o combate ao crime digital. Um dos projetos em tramitação é o PL 675/2025, da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que busca tipificar como crime a criação de perfis falsos na internet para obter vantagens ilícitas ou prejudicar vítimas. A pena prevista varia de um a cinco anos de reclusão, podendo chegar a oito anos em casos envolvendo idosos, crianças ou exposição de imagens íntimas. “A falta de clareza na legislação atual dificulta a punição desses criminosos”, justifica a senadora.

Outro texto, o PL 113/2020, do senador Angelo Coronel (PSD-BA), flexibiliza o acesso a registros de conexão na internet por parte do Ministério Público e da polícia, sem necessidade de ordem judicial prévia. Alterando o Marco Civil da Internet, a proposta visa agilizar investigações, especialmente em um cenário de crescimento exponencial de crimes virtuais. Já o PL 1.049/2022, também de Coronel, introduz o crime de extorsão digital no Código Penal, com penas de dois a cinco anos para quem sequestra dados e exige resgate – uma resposta a ataques como os sofridos pelo STJ em 2020 e pelo Ministério da Saúde em 2021.

Para especialistas, a repressão não basta. “A combinação de inteligência artificial, biometria e autenticação multifator é essencial, mas a educação digital é o que fecha o ciclo”, afirma Rocha. Ele destaca que, enquanto as empresas reforçam suas defesas, os criminosos aprimoram suas estratégias, exigindo uma postura proativa tanto de consumidores quanto de legisladores.

No Brasil de 2025, a segurança digital deixou de ser um luxo para se tornar uma necessidade. Com mais da metade da população já vitimada por golpes e uma economia paralela de fraudes em plena expansão, o país busca, entre leis e tecnologia, recuperar o controle sobre um cenário em que o crime muitas vezes chega antes da prevenção.


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