A investigação sobre o brutal assassinato de Vitória Regina de Souza, de 17 anos, em Cajamar, na Grande São Paulo, ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira, 7 de março. A Polícia Civil, em operação conduzida pela Delegacia de Cajamar com apoio da Seccional de Franco da Rocha, realizou a perícia em um Corsa sedan branco pertencente a um vizinho de um dos investigados. Dentro do veículo, foram encontrados fios de cabelo, um casaco rosa e indícios que podem ser cruciais para desvendar o crime que chocou a região. Vitória desapareceu em 26 de fevereiro e foi encontrada morta uma semana depois, em 5 de março, em uma área de mata, com sinais de tortura, decapitação e o cabelo raspado.
Evidências no Carro
Durante a perícia, realizada na manhã de hoje, os agentes da Polícia Científica usaram luminol – um reagente químico que detecta vestígios de sangue – e contaram com o auxílio de um cão farejador, que sinalizou odores característicos no porta-malas do Corsa. Além dos fios de cabelo e do casaco rosa, os peritos observaram marcas de terra nas rodas e no compartimento traseiro, compatíveis com a área rural onde o corpo de Vitória foi localizado por cães farejadores na quarta-feira. O material coletado foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para análise de DNA, com resultados esperados ainda nesta sexta-feira, que podem confirmar se os fios pertencem à vítima.
O veículo pertence a um homem considerado inicialmente testemunha, mas que agora está sob escrutínio. Ele é vizinho de um dos sete suspeitos investigados e chegou à Delegacia Seccional de Franco da Rocha escoltado por viaturas policiais para prestar depoimento. Além dele, foram ouvidos o motorista do último ônibus que Vitória pegou na noite de seu desaparecimento e uma mulher, também vizinha de outro investigado. Os três acompanharam os agentes em buscas por uma área de mata próxima ao ponto de ônibus onde a jovem foi vista pela última vez.
A principal hipótese da polícia, liderada pelo delegado Aldo Galiano Junior, é que o assassinato de Vitória foi motivado por ciúmes e vingança. O suspeito central, identificado como Daniel, teria um relacionamento com Gustavo Vinícius Moraes, ex-namorado da vítima, e nutria ressentimentos em relação a ela. Daniel, acompanhado de dois comparsas, estaria escondido em uma área de mata em Cajamar, onde equipes policiais realizaram buscas ao longo do dia. A investigação também apura a possível participação de Gustavo, que ignorou mensagens de Vitória pedindo carona na noite de 26 de fevereiro – um dia em que o carro do pai dela, que costumava buscá-la, estava quebrado.
Outro veículo, um Toyota Corolla emprestado por um amigo de Gustavo, já havia sido periciado na quinta-feira, 6 de março. Nele, foi encontrado um fio de cabelo aparentemente compatível com o de Vitória, também em análise no IML. A polícia suspeita que o crime envolveu pelo menos sete pessoas, incluindo os homens que assediaram Vitória em um Toyota Yaris enquanto ela aguardava o ônibus, conforme relatado em áudios enviados a uma amiga. “Passou uns caras no carro e eles falaram: ‘e aí, vida?’. Tá voltando?”, disse ela, demonstrando medo.
O corpo de Vitória foi encontrado em estado avançado de decomposição, sem roupas, com ferimentos profundos na cabeça e pescoço, e o cabelo raspado – um detalhe que, segundo o delegado Galiano, é típico de execuções por facções como o PCC (Primeiro Comando da Capital) em casos de traição. Apesar disso, não há evidências concretas de que Vitória ou os suspeitos fossem membros de organizações criminosas. Mais de 14 testemunhas já foram ouvidas, incluindo amigos, familiares e pessoas próximas aos investigados, mas ninguém foi preso até o momento.
Vitória, que trabalhava como operadora de caixa em um restaurante de um shopping em Cajamar há apenas quatro dias, foi velada no Ginásio Poliesportivo Lamartine de Paula Lima e enterrada na tarde de quinta-feira, 6 de março, no Cemitério Municipal de Cajamar. Dezenas de pessoas acompanharam o sepultamento, enquanto a cidade clama por justiça. A jovem, moradora do bairro Ponunduva, deixou mensagens que revelam seu temor na noite do desaparecimento: “Tem uns meninos aqui do meu lado, tô com medo”, escreveu ela à amiga antes de embarcar no ônibus.
A análise do DNA dos fios de cabelo encontrados no Corsa e no Corolla, além da identificação de possíveis vestígios de sangue, será determinante para ligar os veículos ao crime. A polícia segue em busca dos três suspeitos foragidos e trabalha para esclarecer o papel de cada envolvido. “É um caso complexo, mas estamos avançando com cautela para garantir a verdade”, afirmou o delegado Galiano em coletiva. Enquanto isso, a memória de Vitória Regina de Souza permanece como um grito por justiça em Cajamar, onde a brutalidade do crime ainda ecoa.
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