sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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PCC usa bancos digitais e até igrejas para lavar dinheiro

PCC usa bancos digitais
PCC usa bancos digitais

A facção criminosa teve de se adaptar às novas tecnologias para esconder seus ganhos financeiros

O Primeiro Comando da Capital (PCC) usa bancos digitais e até igrejas para lavar o dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas. Há uma estimativa de que a facção lucra US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões) por ano com a venda de entorpecentes para outros países. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Autoridades policiais acreditam que o avanço do tráfico de cocaína fez com que as organizações criminosas sofisticassem as formas de lavar dinheiro. 

“Antes, o PCC mandava 100, 200, 300 quilos para outros países, muitas vezes em uma bolsa em um contêiner”, afirmou o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, ao Estadão. “Mas estima-se que o tráfico ligado a nomes do PCC é muito maior.” 

Sistema digital como forma de lavar dinheiro

Um reflexo disso é o uso de bancos digitais e criptomoedas como uma das formas de lavagem de dinheiro. Anteriormente, os criminosos usavam as chamadas “casas-cofre”. 

O PCC alugava casas para “famílias-laranja” e escondia o dinheiro do tráfico em cofres no subsolo do imóvel. Hoje, entretanto, a quadrilha usa o meio digital para esconder recursos provenientes do tráfico. 

Em 2023, uma das fases da Operação Sharks prendeu dois operadores que se reportavam diretamente a dois dos principais líderes do PCC. Os chefes da facção que recebiam as informações dos operadores eram Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, e Odair Mazzi, o Deizinho.

Os operadores usavam criptomoedas e contas em bancos digitais para driblar o rastreamento do dinheiro. As autoridades dizem que a fragilidade do sistema de fiscalização nessa área dificulta o trabalho dos investigadores. 

“AS FACÇÕES ESTÃO USANDO PIX, CONTAS FALSAS E INCLUSIVE FINTECHS [BANCOS DIGITAIS] PARA COLETAR DINHEIRO DO TRÁFICO”, DISSE AUGUSTO DE LIMA, PROMOTOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO RIO GRANDE DO NORTE, AO ESTADO DE S. PAULO. “É MUITO FÁCIL CRIAR E DESCARTAR UMA CONTA, ENTÃO SE APROVEITAM DISSO. PEGAM CPF E DADOS PESSOAIS DE QUEM NÃO TÊM ENVOLVIMENTO COM O CRIME, SÃO RÉUS PRIMÁRIOS, E CRIAM CONTAS, ESPECIALMENTE NAS FINTECHS, E PASSAM A MOVIMENTAR VALORES.”

Lavagem de dinheiro por meio de igrejas

Igrejas
De acordo com as investigações, unidades da Assembléia de Deus para as Nações das cidades de Jardim de Piranhas (RN) e Sorocaba (SP) estão entre as investigadas | Foto: Reprodução/Freepik

Ministério Público potiguar deflagrou em 2023 a Operação Plata. A ação foi criada para desmantelar um esquema do PCC que usava sete igrejas para lavar dinheiro nos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e São Paulo.  

“As igrejas não foram criadas para esse fim, mas eram usadas para fazer o que chamamos de mescla: uma mistura de recursos lícitos — dízimos e doações dos fiéis — e também recursos ilícitos”, afirmou Lima. 

De acordo com o promotor, unidades da Assembléia de Deus para as Nações das cidades de Jardim de Piranhas (RN) e Sorocaba (SP) estão entre as investigadas. 

“Pastor” mafioso

A operação teve como alvo Geraldo dos Santos Filho, de 48 anos. Ele é acusado de se passar por pastor no esquema. 

Além dele, a ação também mirou Valdeci Alves dos Santos, conhecido como Colorido, de 52 anos. O criminoso já foi apontado como o número dois do PCC nas ruas. Hoje ele está preso na Penitenciária Federal de Brasília. 


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