O “tarifaço” do governo Trump, com taxas mais altas a concorrentes do Brasil, abre espaço para que a ZFM (Zona Franca de Manaus) aumente a sua exportação, principalmente no polo de duas rodas. A afirmação é do secretário do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas, Serafim Corrêa, com base em uma nota técnica.
Na quarta-feira (2), o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, anunciou as tarifas sobre as importações de produtos de outros países. O Brasil ficou no rol de países com a menor taxa (10%), enquanto os países asiáticos sofrerão taxação de até 46%, como é o caso do Vietnã. Os produtos do Japão serão tarifados em 24%, os da Índia em 26% e os da China em 34%.
De acordo com Corrêa, com a reorganização do mercado global após o “tarifaço”, empresas localizadas em países com maior taxa serão atraídas para a ZFM, que tem vantagens fiscais em relação a outros estados brasileiros. Com isso, haverá ampliação das empresas instaladas, a abertura de novas fábricas em Manaus, e, consequentemente, geração de emprego e renda.
“Como o Brasil foi taxado em 10% e a Ásia em 35%, nós temos uma diferença de 24 pontos percentuais. Qual é a nossa possibilidade? Nós temos empresas asiáticas que estão aqui [na ZFM] e que já negociam com os Estados Unidos. Vai ser muito mais fácil para elas venderem a partir de Manaus do que vender para a própria Ásia. Essa é uma vantagem que nós teremos”, disse Corrêa.
“Do ponto de vista de incentivos fiscais, nós ganhamos de todo o Brasil. A nossa postura diante do Brasil com relação a compensações tributárias é muito melhor, muito maior do que qualquer outro estado. Isso se manterá até 2073, ao contrário de nos outros estados, que seus incentivos encerrarão em 2032”, completou o secretário.
As importações do Amazonas para os Estados Unidos da América alcançaram US$ 99,7 milhões em 2024, terceiro maior volume, atrás apenas da Alemanha (US$ 157,4 milhões) e da China (US$ 118,8 milhões), segundo dados da Balança Comercial Amazonense. As motocicletas são o produto mais exportado para o país norte-americano e totalizaram US$ 27,4 milhões no ano passado.
“Nós exportamos pouco, US$ 99 milhões, para ser mais preciso. Com a rearrumação mundial que vai ocorrer, outros setores poderão vir. Eu até adianto que, após o tarifaço, a Sedecti [Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação] foi consultada por várias empresas multinacionais no sentido de entender como funcionam os incentivos fiscais”, disse Corrêa.
A nota técnica da Sedecti aponta que “a recente decisão do Governo dos Estados Unidos de impor tarifas substanciais sobre produtos importados de diversos países, especialmente da Ásia, pode representar uma oportunidade significativa para a Zona Franca de Manaus (ZFM) e para o Brasil”, pois cria “vantagem competitiva para exportadores do Brasil”.
Conforme a nota técnica, a medida do governo Trump causa aumento expressivo das tarifas sobre produtos eletrônicos, automotivos, metalúrgicos e têxteis aos concorrentes do Brasil. “Setores como eletroeletrônicos, motocicletas e componentes técnicos [fabricados na ZFM] podem ganhar espaço no mercado americano”, diz o documento.
O documento diz ainda que o tarifaço reduz importações de insumos manufaturados da China, Vietnã, Taiwan e outros países do Sudeste Asiático. Com isso, empresas globais podem optar por
investir na ZFM para escapar das tarifas impostas a países asiáticos. Com o aumento da demanda, há “potencial para crescimento da empregabilidade e maior circulação de recursos na economia local”.
De acordo com o secretário, a reforma tributária também favorece o cenário para a ZFM, que “continua atraente e trazendo novas empresas, novos empregos e novos investimentos”. Na próxima reunião do Codam (Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas), na próxima segunda-feira (14), serão analisados 47 projetos, com investimentos de R$ 1,4 bilhão, e 1,2 mil empregos.
Deficiências
A nota técnica também aponta deficiências que precisam ser corrigidas. Entre elas está a adoção de políticas para reduzir os custos e as dificuldades para produzir e vender no Brasil, tornando a produção mais competitiva. Além disso, é necessário realizar investimentos em infraestrutura e logística, garantindo que a produção nacional atenda aos padrões internacionais de eficiência.
O documento também recomenda o incentivo à capacitação de mão de obra, preparando profissionais para atender às novas demandas do mercado exportador. E a promoção da Zona Franca de Manaus e do Brasil como alternativas viáveis para empresas internacionais que buscam evitar tarifas elevadas dos EUA.
Ao comentar sobre as dificuldades enfrentadas, Corrêa citou os blackouts registrados em Manaus. “Na semana passada, em dez dias, nós tivemos três blackouts em Manaus. Isso é inaceitável! Isso é algo que precisa ser corrigido por parte da Eletrobras, da Amazonas Energia, porque isso é um desestímulo a qualquer empresa vir trabalhar em Manaus. A nossa logística é muito ruim”, disse.
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