As tensões foram agravadas por uma polêmica envolvendo o Carrefour.
A rejeição da França ao acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul ganhou força esta semana, após aprovação das duas casas legislativas do país. A Assembleia Nacional e o Senado francês validaram a posição do governo de Emmanuel Macron contra o pacto “tal como está”, destacando preocupações com a concorrência desleal e a defesa dos agricultores franceses.
O Senado reforçou críticas contundentes. Para o senador socialista Didier Marie, “não pode haver negócio entre comida lixo e carros bonitos”, em referência aos produtos agrícolas sul-americanos e aos veículos europeus. Já Mathieu Darnaud, dos Republicanos, considerou “inconcebível que o acordo entre em vigor contra a vontade da França”.
A ministra da Agricultura, Annie Genevard, declarou que o país não busca o fim do comércio, mas exige “sérias garantias” para os produtores locais. O ministro das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, destacou que a mensagem francesa deve ressoar entre outros membros da União Europeia: “A dinâmica vai na nossa direção.”
Lula rebate posição francesa
Do outro lado do Atlântico, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com firmeza às declarações e ao posicionamento francês. Durante um fórum em Brasília, Lula lembrou que a negociação é liderada pela Comissão Europeia, e não por um único país. “Se os franceses não quiserem o acordo, eles não apitam mais nada, quem apita é a Comissão Europeia”, disse, reiterando sua intenção de assinar o tratado ainda este ano.
As tensões foram agravadas por uma polêmica envolvendo o Carrefour. O presidente da rede de supermercados, Alexandre Bompard, havia declarado na semana passada que a empresa não comercializaria carne do Mercosul na França, gerando reações imediatas no Brasil. Fornecedores brasileiros suspenderam a entrega de carne para o grupo, que depende significativamente do mercado brasileiro, responsável por 23% de seu faturamento em 2022.
Bompard tentou apaziguar a situação, enviando uma carta ao ministro brasileiro da Agricultura, Carlos Fávaro, na qual pediu desculpas e elogiou a “alta qualidade” da carne brasileira.
Pressões internas e externas
O acordo UE-Mercosul foi inicialmente fechado em 2019, mas enfrenta resistência de países como França, Itália e Polônia, que alegam impactos negativos para seus setores agrícolas. As discussões devem ganhar novo fôlego na próxima semana, durante a cúpula do Mercosul em Montevidéu, onde os países do bloco buscarão avançar nas negociações.
Apesar das divergências, Lula permanece otimista quanto à conclusão do tratado, vendo nele uma oportunidade para fortalecer as relações comerciais e aumentar a competitividade dos produtos brasileiros no mercado europeu. A oposição francesa, no entanto, evidencia os desafios políticos e econômicos que ainda cercam a implementação do acordo.
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