Em novo site, Casa Branca acusa gestão Biden de favorecer a narrativa “preferida” dos democratas de que o vírus surgiu de forma natural.

O governo dos Estados Unidos, sob nova administração de Donald Trump, realizou mudanças significativas em plataformas oficiais sobre a pandemia de Covid-19. O site Covid.gov, antes dedicado a fornecer informações públicas sobre prevenção, vacinação e medidas sanitárias, agora redireciona os usuários para uma nova página com foco na teoria de que o coronavírus teve origem em um laboratório de Wuhan, na China.

A alteração inclui também o Covidtests.gov, endereço que, até recentemente, permitia a solicitação de testes gratuitos para a população. Ambos os domínios passaram a abrigar conteúdo alinhado à tese promovida pela atual gestão republicana, que alega haver uma “supressão deliberada” de investigações sobre a possibilidade de um vazamento laboratorial do vírus.

Na nova versão da página, o governo Trump acusa abertamente a gestão anterior, liderada pelo democrata Joe Biden, de favorecer uma “narrativa conveniente” para os democratas: a de que o vírus teria surgido de forma natural, a partir do contato entre humanos e animais, no mercado municipal de Wuhan. Segundo o texto divulgado, essa versão teria sido priorizada em detrimento de investigações mais abrangentes, com o objetivo de proteger interesses políticos e evitar conflitos diplomáticos com a China.

A reformulação inclui uma série de links para documentos oficiais, como o relatório do Comitê de Supervisão da Câmara dos Deputados, que aponta possíveis falhas e omissões por parte de figuras públicas influentes. Entre os nomes citados estão o Dr. Anthony Fauci, que liderou a resposta sanitária à pandemia nos EUA, o ex-governador de Nova York Andrew Cuomo, e a ONG EcoHealth Alliance, envolvida em projetos de pesquisa colaborativos com laboratórios chineses.

As acusações vão desde a obstrução de investigações independentes até o suposto financiamento de experimentos de alto risco em Wuhan com dinheiro público americano. O conteúdo também menciona que essas parcerias teriam sido mantidas sem transparência e sem consentimento adequado das autoridades reguladoras norte-americanas.

A guinada no discurso ocorre após a divulgação de um novo relatório da CIA, que indica como “mais provável” a hipótese de origem laboratorial do vírus — ainda que ressalte uma “baixa confiança” nas conclusões, devido à escassez de dados conclusivos. O próprio documento da inteligência norte-americana ressalta que ambas as teorias — de origem natural ou acidental em laboratório — seguem plausíveis, e que mais investigações são necessárias.

Até esta sexta-feira, a posição oficial do governo norte-americano seguia em consonância com a maioria dos estudos científicos publicados desde o início da pandemia, que indicavam a origem do vírus em animais silvestres, com transmissão para humanos no mercado de frutos do mar de Wuhan. Essa visão foi corroborada por um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado em 2021, que descartava um vazamento laboratorial como cenário provável.

Contudo, em 2022, a OMS voltou atrás ao declarar que suas investigações haviam sido inconclusivas, sobretudo pela falta de dados fornecidos pelas autoridades chinesas. Desde então, a origem da pandemia segue envolta em controvérsias políticas, científicas e diplomáticas.