A entidade beneficiada, chamada Unisol Brasil, ainda não iniciou as atividades previstas no contrato.
Um repasse milionário do governo federal destinado à limpeza da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, está no centro de uma polêmica. A quantia de R$ 15,8 milhões foi direcionada à ONG Unisol Brasil, que tem vínculos diretos com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, reduto histórico do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar do alto investimento, nenhum trabalho foi iniciado até agora no território indígena. A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo neste domingo (25) e gerou críticas sobre a transparência e eficácia do uso de recursos públicos.
A entidade, que funciona em uma pequena sala nos fundos da sede sindical em São Bernardo do Campo (SP), foi contratada pelo Ministério do Trabalho, sob o comando do petista Luiz Marinho. A operação foi articulada por meio da Secretaria Nacional de Economia Popular e Solidária, atualmente chefiada por Gilberto Carvalho, assessor político próximo de Lula.
A Unisol recebeu o montante em uma única parcela ainda em 2023. Segundo o governo, a justificativa foi a necessidade de uma resposta urgente à crise sanitária enfrentada pelos Yanomami, marcada por acúmulo de lixo, contaminação de rios e avanço do garimpo ilegal. No entanto, mais de cinco meses após o pagamento, nenhuma atividade prática foi iniciada na região. O plano de trabalho apresentado pela entidade ainda está em fase de ajustes e reuniões técnicas.
De acordo com dados do próprio governo, estima-se que mais de 70 toneladas de plástico estejam acumuladas nas aldeias. Mesmo assim, o projeto da Unisol não estabelece metas objetivas sobre o volume de resíduos a ser removido. A proposta também inclui ações como capacitação de catadores, criação de cooperativas e atividades de educação ambiental, todas com início previsto apenas para o segundo semestre de 2025.
A escolha da entidade chama atenção pela ligação com figuras partidárias. O atual presidente do sindicato, Arildo Mota Lopes, é ex-diretor da ONG e filiado ao PT. Seu vice, Carlos Duarte, também ocupa cargos na diretoria sindical. Ambos evitaram responder a questionamentos da imprensa. O contrato com a Unisol supera qualquer outro repasse feito a ONGs para gestão de resíduos em territórios indígenas na última década.
Das dez ONGs que participaram do edital, metade foi eliminada por não apresentar plano de trabalho.
A falta de transparência e de resultados concretos acendeu o alerta entre parlamentares da oposição, que já se mobilizam para acionar o Tribunal de Contas da União (TCU) e cobrar explicações do Ministério do Trabalho. Para críticos da medida, o caso revela um uso questionável de verbas públicas, agravado pela ausência de licitação, pela inércia na execução do contrato e pelo favorecimento a aliados políticos do governo.
*Com informações do Estadão
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