sábado, 7 de dezembro de 2024
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’Não tenho de ser amigo de Lula. Tenho que fazer Argentina e Brasil comercializarem’, diz Javier Milei

Argentina
Foto reprodução

Na segunda parte da entrevista do presidente argentino Javier Milei à revista britânica The Economist, ele fala sobre as perspectivas de um acordo com o FMI, os aprendizados na política no seu primeiro ano à frente do governo e a relação com outros países, incluindo a China e o Brasil.

Entrevista na íntegra abaixo:

Eu tinha outra pergunta sobre economia que não fiz, sobre a ideia de concorrência cambial. Se entendi corretamente, você espera que o dólar se torne mais dominante e que o peso acabe desaparecendo?

Exatamente. Isso também é chamado de “dolarização endógena”. É o seguinte: deixamos a quantidade de dinheiro constante. A base monetária é fixa. Se você a fixa, a base monetária não varia, pelo menos desde o meio do ano, com certeza. Acredito que desde abril a base monetária ampla não tenha se alterado. Mas não sei se é desde abril ou desde junho que a base monetária ampla não se altera.

Então, o que acontece? Quando você aumenta a demanda por dinheiro, você diz que vai trazer dólares e vai comprar pesos. Sim? O que isso geraria para você? Geraria uma valorização do peso. Você viu que estávamos dizendo que haveria uma convergência da taxa de câmbio paralela para a oficial. Não houve desvalorização, mas uma queda no preço do paralelo. De 1.500, hoje está em 1.100.

Dito isso, nesse contexto, o que se tem é que, à medida que a demanda por moeda aumenta, você teria a base monetária tradicional mapeada com a base monetária ampla e, quando isso acontece, você entra em um processo de deflação.

Então, o que estamos incentivando? A concorrência de moedas para que você possa usar outras moedas e não tenha que recorrer ao peso.

Vamos supor, para facilitar, que as pessoas queiram começar a fazer transações em dólares, algo que já é permitido atualmente. Então, o que acontece? À medida que a economia cresce e você exige mais dinheiro, à medida que os pesos são fixados, o que você faz? Você injeta seus próprios dólares na economia.

Sim? Então, isso tem duas vantagens. Uma é que não causa uma valorização abrupta da taxa de câmbio. Porque a diferença na velocidade de ajuste do setor financeiro em relação ao setor real poderia gerar uma falência maciça de empresas.

É por isso que incentivamos a concorrência cambial, para que elas não recorram ao peso, que é a mercadoria escassa. De fato, ele é fixo. Agora, à medida que esse processo aumenta, você terá cada vez mais dólares em relação aos pesos. Chegará um momento em que essa proporção será tão grande, a quantidade de dólares em relação aos pesos, que nesse momento, se você quiser, poderá fechar o Banco Central.

O que eu não entendo, ou não estou entendendo muito bem, é que…

95% dos economistas aqui também não entendem. Estou acostumado a lidar com isso.

Se a oferta de pesos é fixa, mas a oferta de dólares não é, como se diz em espanhol, um “campo de jogo inclinado”? No final, não se trata de uma concorrência real.

Digo isso porque decidi deixar fixa a quantidade de pesos. A questão é que, se a economia está crescendo e exigindo pesos, isso leva à deflação. Nessa deflação, se você tem dólares, o que faz? Você entrega os dólares, mas depois o peso se valoriza brutalmente, nominalmente. Essa velocidade de ajuste é infinita. E é mais rápida do que a velocidade de ajuste do setor real, portanto, pode mandar muitas empresas para o inferno.

Fonte: Estadão Conteúdo


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