O nível do Rio Madeira subiu seis metros desde janeiro.
A cheia do Rio Madeira está provocando impactos severos na cidade de Humaitá, no interior do Amazonas, afetando milhares de moradores, comprometendo a produção agrícola e interrompendo o funcionamento de escolas. De acordo com a Defesa Civil do Estado, cerca de 16 mil pessoas já foram afetadas pela subida das águas, que neste domingo (13) atingiram a marca de 23,92 metros.
A elevação do rio tem causado prejuízos especialmente na zona rural do município, onde diversas plantações foram completamente destruídas. Agricultores familiares relatam perdas totais em cultivos como o de banana, com prejuízos financeiros difíceis de mensurar. Em muitos casos, a produção restante sequer cobre os custos básicos da colheita, levando pequenos produtores ao colapso econômico.
Além do impacto na agricultura, a cheia também interrompeu a rotina escolar de centenas de crianças e adolescentes. Pelo menos 20 escolas municipais tiveram as aulas suspensas, deixando aproximadamente 800 alunos sem acesso ao ensino presencial. Como alternativa emergencial, a Secretaria de Educação de Humaitá tem adotado um modelo de ensino adaptado, no qual os professores entregam materiais e orientações diretamente nas casas dos estudantes, a fim de manter o ano letivo em andamento mesmo em meio à crise.
Na área urbana, diversas ruas foram tomadas pela água. A prefeitura está promovendo ações de contenção e emergência para garantir o transporte em regiões mais afetadas. Além disso, cestas básicas e água potável estão sendo distribuídas às famílias atingidas.
Dados da Agência Nacional de Águas (ANA) indicam que o nível do Rio Madeira subiu seis metros desde janeiro, superando em três metros o registro do mesmo período de 2024. Essa é considerada a pior cheia desde 2014, com perdas quase totais da produção de comunidades ribeirinhas e da agricultura familiar.
Pesquisadores do Laboratório de Modelagem do Sistema Climático Terrestre da Universidade do Estado do Amazonas (Labclim/UEA) apontam duas causas principais para o aumento expressivo no volume dos rios. O primeiro é o chamado Inverno Amazônico, que vem provocando chuvas acima da média desde o início do ano. O segundo é o fenômeno climático La Niña, responsável pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, o que intensifica a incidência de chuvas na Região Norte do Brasil e também nas áreas de cabeceira de rios no Peru e na Bolívia.
A situação de Humaitá é um reflexo do que ocorre em diversas partes do estado. Cinco rios no Amazonas já apresentam níveis acima da média histórica, e vários municípios decretaram situação de emergência. O monitoramento continua sendo feito por autoridades e especialistas para antecipar medidas de mitigação dos impactos, que tendem a se prolongar nas próximas semanas.
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