O líder da Frente Parlamentar do Agro na Câmara dos Deputados, Pedro Lupion (PP-PR), expressou críticas à postura agressiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao setor agrícola. Em entrevista ao jornal O Globo, publicada hoje, o deputado destacou que os comentários ofensivos do petista dificultam a relação com o setor e prejudicam os esforços de construção de pontes feitos por outros membros do governo.

Lupion ressaltou a preocupação de que a atitude de Lula possa criar obstáculos com a bancada ruralista, principalmente devido à atuação da CPI do MST, que investiga o financiamento das invasões de terras e o apoio recebido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. O deputado levantou suspeitas sobre a influência direta do movimento sobre o Executivo, inclusive na nomeação de cargos.

“Infelizmente, temos de volta um Lula político de antigamente, que tem sido agressivo com o setor”, afirmou Lupion. “Lula já chamou os ruralistas de fascistas e maus-caracteres. Isso nos afasta, fica difícil ter um bom relacionamento.”

O parlamentar destacou que o objetivo da CPI do MST é investigar questões relacionadas ao financiamento de invasões de terras e buscar possíveis vínculos do movimento com o governo. Segundo ele, essa investigação é necessária para esclarecer a situação e garantir transparência nas relações entre o setor agrícola e o Executivo.

Em relação à nomeação do ex-ministro do Meio Ambiente e atual deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) como relator da CPI, Lupion defendeu a escolha do parlamentar. Para o líder da bancada do agro, Salles possui competência técnica para desempenhar a função e tem o direito de assumir o cargo.

“Os integrantes de uma CPI são deputados com interesse no tema”, observou Lupion. “Qualquer nome escolhido enfrentaria esse questionamento. Salles tem capacidade técnica.”