No mês em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, a Câmara Municipal de Manaus (CMM) volta os holofotes para um debate urgente: a representatividade feminina na política. Entre os 41 vereadores que compõem o Legislativo municipal, apenas três são mulheres – Yomara Lins (Podemos), Professora Jacqueline (União Brasil) e Thaysa Lippy (PRD) –, o que equivale a míseros 7,31% do total. Essas parlamentares, com trajetórias distintas, têm se destacado como vozes ativas na luta por mais espaço para as mulheres no poder e por políticas públicas que atendam às suas demandas.
Apesar de as mulheres representarem 51% do eleitorado no Amazonas e 53% em âmbito nacional, segundo dados do IBGE e do TSE, a presença feminina nos legislativos segue aquém de seu potencial. Na CMM, as três vereadoras contrastam com os 38 colegas homens. Na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), o índice melhora ligeiramente, com cinco deputadas ocupando 20,83% das cadeiras: Alessandra Campêlo (Podemos), Débora Menezes (PL), Joana Darc (União Brasil), Mayara Pinheiro (Republicanos) e Mayara Dias (Avante). Ainda assim, o Amazonas não conta com nenhuma representante mulher no Senado ou na Câmara Federal, evidenciando um paradoxo entre a força eleitoral feminina e sua influência política.
Yomara Lins, em seu segundo mandato, carrega um marco histórico: em 2023, tornou-se a primeira mulher a assumir interinamente a prefeitura de Manaus. Advogada formada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e pastora, ela é uma das fundadoras da Comunidade Evangélica Internacional do Avivamento (Ceia). Sua atuação é marcada pela defesa dos direitos das mulheres e pelo compromisso de ampliar a participação feminina na vida pública.
Para Yomara, os desafios são claros. “Enfrentamos barreiras como violência política de gênero, dificuldade de acesso a financiamentos de campanha e resistência cultural à liderança feminina. É essencial criar políticas de inclusão, investir na formação de lideranças e garantir um ambiente igualitário para que mais mulheres cheguem aos espaços de decisão”, afirma. A vereadora vê na valorização da voz feminina nos debates políticos um passo crucial para superar essas desigualdades.
Thaysa Lippy, empresária e advogada, traz ao Legislativo um olhar voltado para causas sociais, como os direitos das pessoas com autismo. Com um histórico familiar na política, ela aponta o contraste entre o peso das mulheres nas urnas e sua sub-representação nos parlamentos. “Somos metade da população e mais da metade do eleitorado. É inaceitável que nossa presença seja tão baixa. Precisamos de oportunidades reais dentro dos partidos”, defende.
A vereadora deixa uma mensagem às mulheres, especialmente às mais jovens: “Chegar ao parlamento é um desafio, mas temos coragem, força e sensibilidade para contribuir. A ausência feminina enfraquece a democracia e nos deixa à margem das políticas públicas. Todas têm capacidade de ocupar esses espaços.” Para Thaysa, reduzir a discriminação e valorizar o trabalho das mulheres são passos fundamentais para mudar esse cenário.
Em seu terceiro mandato, Professora Jacqueline, educadora desde 1995, transforma sua experiência em sala de aula em projetos legislativos. Presidente Municipal do União Brasil Mulher, Procuradora Especial da Mulher e vice-presidente da Comissão da Mulher na CMM, ela defende que a educação e a qualificação profissional são alicerces para empoderar mulheres e ampliar sua presença no poder. “A educação é a base para a transformação social que buscamos”, sentencia.
Membro da Comissão de Educação, Jacqueline prioriza iniciativas que promovam o ensino e preparem as mulheres para os desafios da vida pública, enxergando na formação um caminho para romper o ciclo de exclusão política.
Com atuações pautadas no compromisso com a sociedade, Yomara, Jacqueline e Thaysa reforçam a importância das vereadoras para que as demandas femininas sejam ouvidas e transformadas em políticas públicas. Suas trajetórias evidenciam a força das mulheres na política, mas também servem como lembrete de um longo caminho a percorrer. Enquanto elas decidem eleições – como mostram os 12 municípios amazonenses onde são maioria eleitoral –, a política segue dominada por homens, perpetuando um desequilíbrio que fragiliza a democracia.
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