A União Europeia (UE), Taiwan e Israel apresentaram propostas para zerar tarifas alfandegárias sobre produtos americanos, em uma tentativa de evitar uma escalada na guerra comercial deflagrada pelo governo de Donald Trump. As medidas, anunciadas entre domingo (6) e esta segunda-feira (7), vêm em resposta às sobretaxas generalizadas impostas pelos Estados Unidos na última semana, que atingem países com superávits comerciais expressivos em relação ao mercado americano.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lançou a proposta de tarifas zero na semana passada, sinalizando disposição para negociações. Nesta segunda-feira, o comissário europeu ao Comércio, Maroš Šefčovič, detalhou o plano após reunião do Conselho de Ministros de Comércio da UE, em Bruxelas.
“Estamos prontos para negociar, mas não vamos esperar para sempre”, declarou Šefčovič, em tom firme. Ele destacou que a UE busca preservar os €700 bilhões em comércio anual com os EUA, mas alertou que a paciência do bloco tem limites.
Paralelamente, os europeus preparam uma resposta caso as negociações falhem. Ainda nesta segunda-feira, às 20h (horário de Bruxelas), será divulgada uma lista preliminar de produtos americanos sujeitos a contramedidas, com tarifas retaliatórias previstas para entrar em vigor em 15 de abril. Entre os itens especulados estão uísque bourbon, motocicletas e componentes agrícolas, setores sensíveis para a economia dos EUA.
Taiwan aposta em investimentos e compras militares
Em Taipei, o presidente Lai Ching-te anunciou no domingo (6) uma oferta de tarifas zero como ponto de partida para um acordo comercial com os EUA. Em pronunciamento gravado após reunião com líderes empresariais, Lai enfatizou que Taiwan não adotará retaliações tarifárias, priorizando a cooperação.
“Podemos iniciar as negociações com tarifas zero, inspirados no acordo de livre comércio EUA-Canadá-México”, afirmou Lai. Ele reconheceu que as tarifas americanas de 32% sobre produtos taiwaneses — exceto semicondutores — impactarão a economia da ilha, mas acredita que os efeitos podem ser mitigados com mais integração bilateral.
Além disso, Lai confirmou planos para ampliar investimentos taiwaneses nos EUA. A TSMC, maior fabricante mundial de chips por contrato, anunciou em março um aporte adicional de US$ 100 bilhões em fábricas americanas, e outras indústrias, como eletrônica e petroquímica, devem seguir o exemplo. O Ministério da Defesa de Taiwan também planeja acelerar a compra de armamentos dos EUA, reforçando a parceria militar em meio às tensões com a China.
“Todas as aquisições serão feitas ativamente”, garantiu o presidente, destacando a dependência de Taiwan do apoio americano contra as pressões de Pequim, que considera a ilha uma província rebelde.
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Israel toma iniciativa e elimina barreiras
Em Jerusalém, o governo israelense agiu com rapidez, aprovando no sábado (5) a eliminação total de tarifas sobre importações americanas — uma decisão tomada antes mesmo do anúncio oficial das sobretaxas de Trump, em 2 de abril.
“As tarifas sobre todos os produtos dos EUA serão canceladas”, informou o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em comunicado. A medida aguarda apenas a assinatura do ministro da Economia, Nir Barkat, e a aprovação final do comitê de finanças do Knesset, trâmites esperados para esta semana.
Netanyahu classificou a iniciativa como um passo para “fortalecer a aliança” com os EUA, principal parceiro comercial de Israel, com quem mantém um comércio bilateral de US$ 34 bilhões em 2024. “Além de benefícios econômicos, isso reduzirá o custo de vida e diversificará nossa economia”, afirmou, ao lado dos ministros Barkat e Bezalel Smotrich (Finanças).
Vale lembrar que Israel e EUA já possuem um acordo de livre comércio desde 1985, com 98% dos produtos americanos entrando no país sem impostos. A nova medida elimina as barreiras remanescentes, sinalizando alinhamento total com Washington.
As propostas surgem em resposta às tarifas anunciadas por Trump, que variam de 10% a 32% e afetam dezenas de países, incluindo Brasil, China e membros da UE. A política, defendida como uma forma de “proteger a indústria americana”, já causou turbulência global, com quedas nas bolsas asiáticas e críticas de líderes mundiais. Enquanto Taiwan e Israel buscam apaziguar os EUA, a UE adota uma postura mais cautelosa, equilibrando diálogo e pressão.
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