Neste sábado (29/3) o mundo acompanha com apreensão as consequências de um devastador terremoto que atingiu Mianmar na sexta-feira (28). O abalo, de magnitude 7,7, teve seu epicentro registrado no centro do país, próximo à cidade de Mandalay, e deixou um rastro de destruição que pode resultar em milhares de vítimas. Segundo estimativas do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o número de mortos pode ultrapassar a marca de 10 mil, conforme equipes de resgate avançam nas buscas por sobreviventes em meio aos escombros.

O tremor, que ocorreu por volta das 12h50 no horário local (3h50 em Brasília), foi sentido não apenas em Mianmar, mas também em países vizinhos como Tailândia e China. Em Bangkok, capital tailandesa, prédios balançaram e um arranha-céu em construção desabou, deixando ao menos dez mortos e dezenas de desaparecidos. Em Mandalay, segunda maior cidade de Mianmar e um importante centro cultural e espiritual, a destruição foi ainda mais severa, com relatos de edifícios colapsados, pontes destruídas e uma população em choque.

Até o momento, a junta militar que governa Mianmar confirmou 1.644 mortes e mais de 3.408 feridos, mas os números crescem a cada atualização. A precariedade da infraestrutura do país, agravada por anos de guerra civil e instabilidade política desde o golpe de 2021, dificulta os esforços de resgate e a obtenção de informações precisas. “A dimensão da tragédia ainda está sendo compreendida”, afirmou um representante da organização humanitária Plan International, destacando que a falta de eletricidade, internet e acesso a muitas áreas afetadas torna a situação ainda mais caótica.

O USGS classificou o risco como “alerta vermelho”, indicando “altas baixas e danos extensos”. Especialistas apontam que a profundidade rasa do terremoto, a apenas 10 km, intensificou os impactos na superfície, enquanto a densidade populacional na região de Mandalay – cerca de 1,5 milhão de habitantes – eleva o potencial de perdas humanas. Além disso, o tremor ocorreu ao longo da Falha de Sagaing, uma zona tectonicamente ativa que não registrava um evento dessa magnitude desde 1946.

Na Tailândia, os efeitos colaterais do terremoto também são alarmantes. Além das vítimas em Bangkok, equipes de resgate trabalham contra o tempo para localizar mais de 100 pessoas soterradas nos destroços do prédio colapsado. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram cenas dramáticas, como a água de uma piscina em um arranha-céu escorrendo pelas laterais do edifício e multidões em pânico nas ruas.

Organizações internacionais, como a ONU e a Cruz Vermelha, já se mobilizam para enviar ajuda humanitária, enquanto a junta militar de Mianmar, em um raro apelo, pediu assistência global. A tragédia expõe as fragilidades de um país já castigado por conflitos internos, deslocamento em massa e crises econômicas. “Este terremoto não poderia ter vindo em pior hora”, lamentou um porta-voz da Anistia Internacional, referindo-se aos mais de 3 milhões de deslocados pelo conflito armado no país.

Enquanto as réplicas continuam a assustar a população, o cenário em Mianmar e na região permanece incerto. A comunidade internacional acompanha os desdobramentos, temendo que as projeções do USGS se confirmem e que essa seja uma das maiores catástrofes naturais dos últimos anos no Sudeste Asiático.