Em tom firme e irônico, Malafaia classifica a apreensão do documento como uma “aberração”.

O pastor Silas Malafaia, líder religioso de grande influência no Brasil, divulgou um vídeo nesta sexta-feira (22/8) em que solicita ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a devolução do passaporte apreendido pela Polícia Federal na quarta-feira (20/8).

Em tom firme e irônico, Malafaia classifica a apreensão do documento como uma “aberração”, afirmando que nunca teve a intenção de fugir do país para escapar de qualquer investigação ou possível prisão. “Se eu tivesse medo do senhor ministro e tivesse medo disso, eu ficava lá (Portugal), eu ia para a América, que eu tenho igrejas. Eu voltei. Então, isso é um absurdo: apreender meu passaporte. E outra, ministro: se eu fugir, eu estou destruído e desmoralizado diante da sociedade brasileira, diante da igreja evangélica, da igreja que eu sou pastor e da minha família. O senhor acha que eu vou jogar minha reputação na lama depois desses quatro anos denunciando seus crimes?”, disse o pastor no vídeo.

Além do passaporte, Silas Malafaia pediu a devolução de cadernos apreendidos pela Polícia Federal, que, segundo ele, contêm esboços bíblicos. O líder religioso sugeriu ainda que, se possível, os documentos sejam digitalizados para que ele possa ter acesso às informações. “Eu sei que a PF digitaliza tudo. Quem sabe o senhor pode fazer um favor, além de devolver meus cadernos, me dá uma cópia digitalizada. São os dois pedidos que eu faço. E olha, parece incrível. Mas eu vou te agradecer, ministro. Eu vou dizer muito obrigado, se o senhor fizer esses dois favores, porque uma coisa eu não sou, covarde, medroso e fujão. Eu vou estar aqui”, completou.

A apreensão ocorreu logo após Malafaia desembarcar no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, vindo de Lisboa, Portugal. Segundo informações divulgadas pela Polícia Federal, a medida integra uma investigação sobre possíveis ações coordenadas de desinformação e pressão sobre integrantes do Judiciário, supostamente para favorecer interesses de um grupo ligado ao ex-presidente da República.

O episódio gerou repercussão ampla nas redes sociais e entre membros da comunidade evangélica, com apoiadores defendendo o pastor e questionando a necessidade da medida. Por outro lado, especialistas em direito e política enfatizam que a apreensão de passaporte e dispositivos digitais faz parte de procedimentos legais para garantir a integridade de investigações complexas envolvendo figuras públicas.

A defesa de Malafaia ainda não apresentou documentos judiciais contestando oficialmente a ação da Polícia Federal, mas o vídeo publicado pelo pastor evidencia a intenção de dialogar diretamente com o ministro Alexandre de Moraes, buscando a devolução de seus bens apreendidos e reafirmando sua postura de não fuga do país.

O caso segue em acompanhamento pela Polícia Federal e pelo STF, e a expectativa é que decisões sobre a devolução do passaporte e dos cadernos sejam tomadas em breve, conforme os trâmites legais.