Políticos prevêem retorno de R$ 600 milhões

O megashow gratuito de Lady Gaga, marcado para 3 de maio de 2025 na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, terá um custo total estimado em R$ 92 milhões, 50% superior aos R$ 59,9 milhões investidos na apresentação de Madonna no mesmo local em 2024. Desse montante, os cofres públicos arcarão com R$ 30 milhões, sendo R$ 15 milhões da Prefeitura do Rio de Janeiro e outros R$ 15 milhões previstos do Governo do Estado, por meio da Subsecretaria de Grandes Eventos.
A grandiosa produção, que promete ser o maior show da carreira da cantora, inclui um palco de 1.260 m² — 50% maior que o de Madonna —, 800 m² de telões de LED, uma passarela estilizada e a mobilização de cerca de 250 profissionais, entre bailarinos, músicos e equipe técnica. O evento, parte da iniciativa “Todo Mundo no Rio”, também contará com transmissão pela Globo, Multishow e Globoplay, além de patrocínios privados, como da Corona e do banco Santander.

Impacto econômico e polêmica

A Prefeitura do Rio justifica o investimento público com a projeção de um retorno econômico de R$ 600 milhões, 27,5% superior ao impacto de R$ 469,4 milhões gerado pelo show de Madonna. O estudo, realizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e pela Riotur, estima que 1,6 milhão de pessoas, incluindo 240 mil turistas (80% estrangeiros), comparecerão ao evento, movimentando hotéis, restaurantes e o comércio local. A ocupação hoteleira em Copacabana já ultrapassa 71%, com picos esperados de 96% no fim de semana do show.

Apesar dos números otimistas, o aporte público gerou críticas. O senador Flávio Bolsonaro e setores da população questionam as prioridades do investimento, especialmente após a crise humanitária no Rio Grande do Sul em 2024, que deixou mais de 170 mortos e danos significativos. Críticos, como o economista Leonardo Siqueira, também contestam o retorno econômico real, alegando que o show de Madonna rendeu menos do que o divulgado pela prefeitura, com impacto líquido bem inferior ao propagandeado.

Defesa do investimento

O prefeito Eduardo Paes rebate as críticas, destacando que eventos como o de Lady Gaga transformam o Rio em uma “vitrine global” e aquecem a economia em um período de baixa temporada. “Enche hotéis, restaurantes e gera empregos. A exposição midiática do Rio já valeu R$ 280,5 milhões só com o anúncio do show”, afirmou Paes, citando a projeção de R$ 1 bilhão em publicidade espontânea após o evento.

Expectativa dos fãs e da cidade

Lady Gaga, que não se apresenta no Brasil desde 2012, expressou emoção ao anunciar o show, relembrando o cancelamento de sua participação no Rock in Rio 2017 devido a problemas de saúde. “Os fãs brasileiros são a força vital dos ‘little monsters’. Estou trabalhando para que esse show seja inesquecível”, declarou a artista. A apresentação, que deve durar cerca de 2h30, promete uma performance teatral com trocas de figurino e hits de álbuns como Mayhem, The Fame e Born This Way.

Com Copacabana se preparando para receber uma multidão, o show de Lady Gaga consolida o Rio como destino de grandes eventos musicais, mas reacende o debate sobre o uso de recursos públicos em meio a demandas sociais urgentes.
Rafael Lima é jornalista e cobre cultura e economia no Rio de Janeiro.