sexta-feira, 5 de julho de 2024
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Risco sobre as águas: canoas são utilizadas para transporte de veículos e materiais pesados

foto reprodução

Pequenas embarcações como canoas ou voadeiras se tornam táxi-frete para passageiros

É sobre uma canoa ou de uma pequena embarcação que os amazonenses improvisam o transporte de cargas mais pesadas como de uma picape, por exemplo, pela águas do rio Negro, em Manaus.

Além de veículos, o transporte de materiais de construção, de eletromésticos ou mesmo de uma cama em cima de canoas é frequente e pode ser visto por qualquer pessoa que passe algumas horas na Marina do Davi, o Terminal Portuário localizado no bairro Ponta Negra, na zona Oeste da capital amazonense.

O vigilante José Deusamar Pereira, 55 anos, aguardava o sobrinho para transportar dois colchões, sacos de cimento, de milho, além de tábuas até à comunidade Julião, na margem direita do rio Tarumã-Mirim, na zona rural de Manaus. O transporte foi feito em uma canoa.“O transporte nesses barcos maiores é muito caro e você tendo uma rabeta é mais barato. Eu já vi um carro sendo transportado em cima de duas canoas e é assim, que as pessoas vão improvisando”, contou ele.

O agricultor Marcos Antônio Guimarães, 46 anos, é quem levaria as cargas na pequena embarcação até à comunidade. O trajeto, segundo ele, dura uma hora e meia e é feita com cautela.“Tenho medo é de temporal, por isso, que eu saio de manhã, em tempo ensolarado, é bem mais seguro”, disse ele, enquanto carregava a rabeta com os materiais.Canoa suporta até um milheiro de tijolos e isso em tempo e água calmos (Foto: Márcio Silva/A Crítica)

Canoa suporta até um milheiro de tijolos e isso em tempo e água calmos (Foto: Márcio Silva/A Crítica)

Obras

A autônoma Neiva Kischener, 57 anos, acompanhava uma embarcação ser abastecida com telhas de alumínio e sacos de cimento que ela mesma comprou para dar andamento na construção de seu sítio localizado na comunidade Nossa Senhora de Fátima, também localizado na margem esquerda do rio Tarumã-Mirim.“As dificuldades são muitas. Se tem banzeiro, tem que parar o barco. Eu sei que já afundou diversas canoas cheias de tijolos. Quer dizer, é um risco, mas que é preciso enfrentar”, revelou.

Ela conta que toda a semana precisa fazer o mesmo percurso pelo rio Negro, entre a área urbana de Manaus e a comunidade onde vive.“Aquela embarcação está cheia de cerâmica, argamassa, cimento e tijolo. E de supermercado, vai carne, frango, estivas, ração para os animais, tudo eu preciso transportar de Manaus para a Comunidade”, conta.

O dia a dia de condutores na Marina do Davi, por volta das 9 horas, Paulo Sergio da Silva, 52 anos, abastecia uma canoa com um milheiro de tijolos para levar à comunidade Nossa Senhora do Livramento, à margem esquerda do rio Negro. Ele é cuidadoso e enche a pequena embarcação com atenção. Assim que atinge certo peso, ele opta por não colocar mais o item na canoa.“Essa canoa aqui pega um milheiro de tijolo. Se a gente colocar um pouco mais pode ser arriscado”, explica ele, que teme a agitação do rio. “Às vezes, chego no rio e está daquele jeito o banzeiro, a gente não vai. Quando o patrão insiste pra irmos, mesmo com o banzeiro, é preciso pegar o rio”.Transporte de mercadorias diversas são comuns na Marina do Davi (Foto: Márcio Silva)

Transporte de mercadorias diversas são comuns na Marina do Davi (Foto: Márcio Silva)

Marina do Davi: terminal portuário

A Marina do Davi é um dos pontos de partida para passeios pelo Amazonas e serve como embarque e desembarque de passageiros e cargas de ou para comunidades ribeirinhas da zona Rural de Manaus.

De acordo com o presidente da Cooperativa dos Profissionais do Transporte Fluvial da Marina do Davi, Flavio de Almeida, a associação de barqueiros atendem apenas passageiros com destino a flutuantes.“Todos os nossos barqueiros são registrados pela Capitania dos Portos e nossa rota são flutuantes. Há os transportes particulares que fazem frete de materiais, mas eles não estão associados a cooperativa”, comentou ele.

 Fiscalização pelo rio Negro

No Estado, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados e Contratados do Amazonas (Arsepam) é responsável por fiscalizar a embarcação mista, ou seja, aquela com passageiros e cargas.

A fiscalização da autarquia é direcionada à acomodação das cargas levadas pelos passageiros. Caso os fiscais da Arsepam constatem alguma irregularidade, a embarcação é impedida de sair do porto, sendo acionada a Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental (CFAOC) para a tomada das medidas cabíveis”, disse o órgão, em nota.

Quanto à segurança da navegação, a competência é da Marinha do Brasil (MB). De acordo com a MB, o transporte de veículos só é permitido para embarcações devidamente inscritas para o transporte de carga, devendo ser cumpridos certos requisitos adicionais, como a devida amarração e a utilização de calços nas rodas dos veículos. A fiscalização dessa atividade é feita por meio das Inspeções Navais.

Ainda segundo a Marinha do Brasil, na jurisdição da CFAOC, existem embarcações do tipo balsa ou “ferry boat” que são inscritas e/ou registradas para o transporte de carga, que podem, ou não incluir o transporte de veículos sobre o convés. Além disso, a empresa de transporte, proprietária da embarcação, deve observar os trâmites e devidas autorizações junto a outros órgãos.Imagem aérea da Marina do Davi, lugar de embarque e desembarque de passageiros com destino para a zona Rural da cidade (Foto: Márcio Silva/A Crítica)

Imagem aérea da Marina do Davi, lugar de embarque e desembarque de passageiros com destino para a zona Rural da cidade (Foto: Márcio Silva/A Crítica)

Em relação a fiscalização, a Força afirmou que diuturnamente, as equipes de Inspeção Naval fiscalizam as embarcações com relação a diversos requisitos constantes das Normas da Autoridade Marítima, “o que inclui a checagem da quantidade de carga a bordo e a respectiva capacidade da embarcação, bem como a sua correta estivação, além de itens de segurança, documentação e habilitação dos condutores, com o objetivo de prevenir acidentes de navegação”.

Para denúncias

Em caso de irregularidades no transporte hidroviário intermunicipal, as manifestações e denúncias podem ser feitas na Ouvidoria da Arsepam, por telefone, pelo 0800 280 8585 de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h e pelo WhatsApp (92) 98408-1799.

O órgão atende presencialmente nas dependências da Rodoviária de Manaus; on-line, por meio do Sistema de Ouvidorias (Fala.BR); pelo e-mail institucional ouvidoria@arsepam.am.gov.br; pelo Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão (e-SIC); e pelas redes sociais no @arsepamamazonas.

A Marinha do Brasil também reforçou que para as suspeitas de irregularidades, denúncias

podem ser feitas pelo telefone 185, que funciona 24 horas.

*Com informações acritica

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