Descida de 2 cm interrompe tendência de cheia e indica transição do ciclo hídrico.

O rio Negro registrou, nesta terça-feira (8), sua primeira descida após atingir a marca de 29,05 metros no sábado (5), considerado o ápice da cheia de 2025. A queda de 2 centímetros pode indicar o início do período de vazante na capital amazonense, segundo dados da régua do Porto de Manaus e do Serviço Geológico do Brasil (SGB).

A redução interrompe uma elevação contínua que se mantinha desde fevereiro. Apesar do recuo, especialistas alertam que ainda é cedo para confirmar tecnicamente o início da vazante. “O comportamento pode representar apenas uma estabilização temporária ou um repiquete”, explicou o meteorologista Leonardo Vergasta, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Comparado ao ano anterior, o pico da cheia chegou com 16 dias de atraso e 2,21 metros a mais do que os 26,84 metros registrados em 23 de junho de 2024. Naquele ano, a seca histórica levou o nível do rio a apenas 12,11 metros em outubro, o menor já registrado em Manaus.

Conforme o boletim hidrológico do SGB, o rio Solimões, que influencia diretamente o Negro, já apresenta quedas diárias de até 10 cm em Tabatinga, enquanto afluentes como Barcelos e Tapuruquara registram estabilidade ou ligeira descida. A expectativa é de que Manaus acompanhe esse padrão nos próximos dias, dependendo do regime de chuvas e do escoamento nas regiões de cabeceira.

Apesar do recuo do rio e do fim do período de cheia se aproximando, o SGB e especialistas descartam, por ora, uma estiagem extrema em 2025. “Os modelos climáticos indicam uma situação de neutralidade, sem anomalias que apontem para um novo episódio severo como o do ano passado”, destacou Vergasta.

A cheia deste ano chegou a atingir a cota de inundação severa, com alagamentos em áreas urbanas de Manaus. O acompanhamento das próximas semanas será fundamental para entender como o ciclo hidrológico de 2025 se comportará nos meses seguintes.