Uma série de vídeos vazados revela práticas violentas e humilhantes em trotes aplicados a recrutas da Marinha do Brasil no Comando do 8º Distrito Naval, em São Paulo. As imagens mostram jovens sendo agredidos com socos, chutes, cintos e cabos de vassoura, além de sofrerem mordidas nas nádegas e serem alvos de piadas de cunho sexual. Esses rituais, conhecidos como “manta” e “mordida”, ocorrem como parte da conclusão do curso de formação de marinheiros, entre a última segunda-feira (19/5) e terça-feira (20/5).
Como funcionam os trotes
Segundo um marinheiro que falou sob anonimato, o trote é uma prática comum para marcar a transição de recruta para marinheiro. O jovem pode escolher a ordem dos rituais, mas não escapa deles. Na “manta”, o recruta cobre a cabeça com um cobertor e é agredido por colegas mais experientes. As imagens mostram golpes com cintos, socos, chutes e até cabos de vassoura, com alguns recrutas caindo no chão devido à intensidade das agressões.
Na “mordida”, o recruta se deita em um colchão, com as calças abaixadas, vestindo apenas cueca, enquanto outros marinheiros mordem suas nádegas. Em alguns registros, os gritos de dor dos novatos são evidentes. Além disso, há piadas de cunho sexual, como a oferta de uma “cuspida no cu” durante o trote.
Humilhações e discriminação
Os vídeos também expõem um ambiente de humilhação extrema. Em um dos registros, um marinheiro faz comentários racistas, dizendo a um recruta negro, prestes a ser agredido: “Você é preto, tem que aguentar”. Outro caso grave envolve um recruta autista, que, após sofrer o trote, se afastou dos colegas de corporação, conforme relatado pela fonte.
A fonte afirmou que as práticas são de conhecimento geral na Marinha, “de marinheiro até almirante”. “Ocorre muita humilhação, principalmente de tom sexual. Em embarcações, normalmente é feito com a pessoa nua”, denunciou, destacando a gravidade do problema.
Repercussão entre os marinheiros
A divulgação dos vídeos gerou apreensão entre os marinheiros envolvidos. Em conversas obtidas em um aplicativo de mensagens, os militares expressam preocupação com o vazamento das imagens para pessoas de fora da Marinha e para seus superiores. “Tem que pegar o X9”, disse um deles, referindo-se à pessoa que teria vazado os vídeos. Outro sugeriu: “Cancela manta e mordida, pelo menos por enquanto”.
As conversas indicam que o trote a um recruta específico causou consequências negativas, e os marinheiros estão em busca de um culpado. Um deles mencionou: “Se não foi o moleque das vassouradas, não tem desculpa”.
Procurada, a Marinha do Brasil ainda não se manifestou sobre as denúncias. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
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