A prisão dos três suspeitos ocorreu em flagrante, e os celulares deles foram apreendidos.
Três pessoas foram presas em flagrante neste fim de semana no município de Manacapuru, a 68 quilômetros de Manaus, acusadas de envolvimento em um esquema de tráfico de pessoas com a finalidade de adoção ilegal. O caso veio à tona após uma denúncia anônima alertar as autoridades sobre a movimentação suspeita de um casal nas imediações da maternidade pública da cidade.
A denúncia, feita por meio de aplicativo de mensagens na sexta-feira (11/07), incluía a imagem de um veículo onde estariam dois homens supostamente negociando a compra de um bebê recém-nascido. A informação levou a Delegacia Especializada de Polícia (DEP) de Manacapuru a iniciar uma investigação imediata, com o apoio do Conselho Tutelar.
Durante as diligências, os policiais conseguiram identificar a mãe da criança, uma mulher de 31 anos que havia dado à luz naquele mesmo dia, mas não pôde prestar depoimento por estar sob cuidados médicos pós-parto. Segundo relatos da equipe da maternidade, um dos homens chegou a acompanhar o parto e obteve a Declaração de Nascimento Vivo (DNV), documento necessário para registrar o bebê como seu filho.
Tentativa de registro expôs fraude
A tentativa de registrar o bebê em cartório, porém, foi frustrada por uma falha no sistema. A equipe policial abordou os dois homens no bairro São José e percebeu nervosismo no casal. Após questionamentos, Luiz Armando dos Santos, de 40 anos, e Wesley Fabiano Lourenço, de 38 anos, confessaram que haviam transferido R$ 500 para José Uberlane Pinheiro de Magalhães, de 47 anos, que atuou como intermediador da entrega do bebê.
Segundo a delegada Joyce Coelho, responsável pelo caso, o homem se passou pelo pai da criança para facilitar o processo de registro e ocultar a origem da adoção. “Ele acompanhou o parto e recebeu a DNV, o que poderia ter garantido o registro do bebê como seu filho biológico, caso não fosse a denúncia”, explicou a delegada.
Esquema ilegal com ramificações em São Paulo
A investigação apontou que o casal estava em Manacapuru desde junho, aguardando o nascimento da criança para levá-la a São Paulo. Ainda conforme apurado, uma mulher residente em São Paulo, mas natural de Manacapuru, e já conhecida por facilitar adoções ilegais, teria contribuído para intermediar a negociação.
A mãe do bebê teria aceitado entregar a criança devido a uma dívida pendente, o que reforça a suspeita de pagamento como parte da transação. “Constatamos que há um esquema envolvendo pagamentos em dinheiro para aquisição de recém-nascidos, o que caracteriza claramente tráfico de pessoas”, afirmou Joyce.
Processo anterior de adoção foi arquivado
Outro ponto que chamou atenção da polícia foi o histórico do casal. Eles já haviam tentado adotar uma criança anteriormente, mas o processo foi arquivado por falta de documentação e tentativa de fraude. A delegada não descarta que outra criança tenha sido levada de forma ilegal em ocasião anterior.
Com base nas provas, os celulares dos três presos foram apreendidos e a quebra de sigilo dos aparelhos será solicitada para aprofundar as investigações e identificar outros envolvidos. O trio permanece à disposição da Justiça e responderá por tráfico de pessoas com a finalidade de adoção ilegal, crime previsto no artigo 149-A do Código Penal.
A criança foi encaminhada para uma instituição de acolhimento, onde permanecerá até decisão judicial sobre sua guarda legal.
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