Pelo menos 68 pessoas morreram neste domingo quando um voo doméstico da Yeti Airlines caiu em Pokhara, no Nepal, o pior acidente aéreo em três décadas no pequeno país do Himalaia.

Centenas de equipes de resgate vasculharam a encosta onde o voo que transportava 72 pessoas da capital Katmandu caiu. No final da noite, as autoridades cancelaram as operações de busca do dia, dizendo que elas serão retomadas na segunda-feira.

Imagens de TV locais mostraram equipes de resgate lutando em torno de seções quebradas da aeronave. Parte do solo perto do local do acidente foi queimado, com manchas de chamas visíveis.

O tempo estava limpo e não havia indicação imediata do que causou o acidente.

Foi o acidente aéreo mais mortal do Nepal desde 1992, mostrou o banco de dados da Aviation Safety Network, quando um Airbus A300 da Pakistan International Airlines caiu em uma encosta ao se aproximar de Katmandu, matando todas as 167 pessoas a bordo.

Quase 350 pessoas morreram desde 2000 em acidentes de avião ou helicóptero no Nepal – lar de oito das 14 montanhas mais altas do mundo, incluindo o Everest – onde mudanças climáticas repentinas podem criar condições perigosas.

A União Europeia baniu as companhias aéreas nepalesas de seu espaço aéreo desde 2013, citando preocupações de segurança.

O avião no domingo fez contato com o aeroporto de Pokhara a partir de Seti Gorge às 10h50 (05h05 GMT), informou a Autoridade de Aviação Civil do país em um comunicado. “Então ele caiu.” Pelo menos 68 pessoas foram confirmadas mortas, disse.

“Metade do avião está na encosta”, disse Arun Tamu, um morador local, que disse à Reuters que chegou ao local minutos depois que o avião caiu. “A outra metade caiu no desfiladeiro do rio Seti.”

Khum Bahadur Chhetri, outro morador local, disse que assistiu do telhado de sua casa enquanto o voo se aproximava.

“Eu vi o avião tremendo, movendo-se para a esquerda e para a direita, e de repente ele mergulhou e entrou no desfiladeiro”, disse Chhetri à Reuters.

O governo criou um painel para investigar a causa do acidente e espera-se que informe dentro de 45 dias, disse o ministro das Finanças, Bishnu Paudel, a repórteres.

Os que estavam a bordo da aeronave bimotora ATR 72 incluíam três bebês e três crianças, disse o comunicado da Autoridade de Aviação Civil.

Entre os passageiros estavam cinco indianos, quatro russos e um irlandês, dois sul-coreanos, um australiano, um francês e um argentino.

YETI CANCELA VOOS

A viagem para Pokhara, a segunda maior cidade do Nepal escondida sob a pitoresca cordilheira do Annapurna, a partir da capital Katmandu, é uma das rotas turísticas mais populares do país do Himalaia, com muitos preferindo um voo curto em vez de uma viagem de seis horas por estradas montanhosas.

Um porta-voz do aeroporto de Pokhara disse que a aeronave caiu quando se aproximava do aeroporto, acrescentando que o “avião cruzou a 12.500 pés e estava em uma descida normal”. O tempo no domingo estava claro.

O site de rastreamento de voos FlightRadar24 disse no Twitter que a aeronave da Yeti Airlines tinha 15 anos e estava equipada com um transponder antigo com dados não confiáveis. Ele acrescentou que o último sinal do transponder foi recebido às 0512 GMT a uma altitude de 2.875 pés acima do nível médio do mar.

O Aeroporto de Pokhara está localizado a cerca de 2.700-2.800 pés acima do nível médio do mar, de acordo com o FlightRadar24.

Em seu site, o Yeti se descreve como uma das principais operadoras domésticas. Sua frota consiste em seis ATR 72-500, incluindo o que caiu. Também é proprietária da Tara Air, e as duas juntas oferecem a “rede mais ampla” do Nepal, diz a empresa.

O Yeti disse que cancelou todos os seus voos regulares para segunda-feira em “luto pelos passageiros que perderam a vida”.

O ATR72 da fabricante de aviões europeia ATR é um avião turboélice bimotor amplamente utilizado fabricado por uma joint venture da Airbus (AIR. PA) e o italiano Leonardo (LDOF.MI). A Yeti Airlines tem uma frota de seis aviões ATR72-500, de acordo com seu site.

“Os especialistas da ATR estão totalmente engajados para apoiar tanto a investigação quanto o cliente”, disse a ATR em um comunicado.

A Airbus e a Leonardo não responderam imediatamente a pedidos de comentários.

Com informações: reuters