Mais de 100 padres suspeitos de abuso sexual infantil continuam ativos em cargos da Igreja em Portugal de acordo com o chefe de uma comissão que investiga o assunto.
A comissão, que iniciou os seus trabalhos em janeiro de 2022, refere no seu relatório final publicado na segunda-feira que pelo menos 4.815 crianças foram abusadas sexualmente por membros da Igreja Católica Portuguesa – a maioria padres – ao longo dos 70 anos.
Ele acrescentou que as descobertas foram a “ponta do iceberg”, descrevendo os 4.815 casos como o número “mínimo absoluto” de vítimas.
“Há um número aproximado (de padres acusados) mais de 100”, disse à televisão o psiquiatra infantil Pedro Strecht, que chefiou a comissão.
A comissão disse que estava preparando uma lista de padres acusados que ainda trabalham para enviar à Igreja e ao Ministério Público.
Strecht disse que aqueles na lista devem ser removidos de seus papéis ou, pelo menos, devem ser proibidos de interagir com crianças e adolescentes durante a investigação.
José Ornelas, chefe da Conferência Episcopal, disse que a instituição ainda não recebeu a lista. Strecht disse que eles vão recebê-lo “em breve”.
“O que o Papa (Francisco) diz (é)… abusadores de menores não podem ocupar cargos dentro do ministério, desde que seja provado que a pessoa é um abusador”, disse Ornelas, acrescentando que a Igreja não conduzirá uma “caça às bruxas” contra seus membros.
Strecht disse que a Igreja tem o “dever moral e ético de colaborar com as autoridades judiciais” sobre o assunto.
Os bispos portugueses se reunirão em 3 de março para considerar a implementação de “mecanismos mais eficientes e apropriados” para evitar futuros abusos, disse Ornelas.
*Com informações reuters
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