sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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Indígenas usam o WhatsApp para descobrir peixes envenenados na Amazônia

Os monitores de pesca comunitária do Pará registram dados de peixes e procuram saber se a população aquática foi afetada pelo mercúrio das minerações.

Um grupo de indígenas dos territórios Mebêngôkre Kayapó, localizados no estado do Pará, inovaram para cuidar da saúde do seu povo. Eles utilizam o WhatsApp para estudar como o mercúrio proveniente do garimpo ilegal afeta as populações de peixes da região.

Pelo rio Curuaés, conhecido como Pixaxá pelos indígenas, há uma preocupação constante sobre peixes que possam estar contaminados por mercúrio. Para isso, monitores da pesca comunitária medem e pesam os peixes, registrando todos os detalhes em uma planilha, enviada aos demais membros da equipe de estudiosos pelo WhatsApp.

O mercúrio é utilizado por garimpeiros ilegais para separar alguns minerais e, com isso, procurar por ouro. Nesse contexto, os Mebêngôkre Kayapó tentam compreender o efeito da mineração sobre as populações aquáticas, já que acabam sendo um sustento para o povo.

Assim, o grupo indígena recebeu doações do Fundo Kayapó do FUNBIO (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade) e outras instituições de caridade, além de realizar parcerias com outros pesquisadores, que ajudam a iniciar um estudo próprio. Eles esperam que a coleta de evidências ajudem na saúde do povo e na comprovação dos danos causados à floresta onde vivem.

whatsapp
Imagem: Reprodução/Instituto Kabu

Por meio de nove monitores selecionados, os dados sobre os peixes são registrados para o WhatsApp, como a espécie, o comprimento e o peso. Além disso, o horário da pesca e outros informações envolvendo a distância até um ponto do rio também são devidamente anotadas.

“Esse tipo de informação ajuda a medir a saúde da população de peixes”, afirma Alany Gonçalves, bióloga da Unyleya Socioambiental que trabalha no projeto de monitoramento de peixes Mebêngôkre Kayapó, ao site NPR. “Se eles têm que ir longe para pescar, se demoram muito para pegar peixes muito pequenos ou os peixes são pequenos, ou se voltam sem nenhum peixe, isso nos diz muito sobre o que está acontecendo em aquele rio”, acrescentou.

A coleta de amostras de tecidos para testes de mercúrio requer anos de treinamento, sendo uma tarefa examinada por especialistas técnicos que visitam periodicamente a terra Mebêngôkre Kayapó. Contudo, nem sempre os cientistas estão pela aldeia e dessa maneira, os monitores têm a função de registrar meses de dados de pesca. Pelo WhatsApp, as informações são compartilhadas.

O grupo no WhatsApp ajuda a aproximar os monitores dos cientistas, já que eles não conseguem se ver todos os dias. Adicionalmente, fora a capacidade de questionamentos e envio de descobertas, o aplicativo também incentiva outras pessoas a realizar as mesmas tarefas em aldeias vizinhas e comentar sobre as melhores formas de manter o avanço dos estudos.

Nessa pesquisa, entre dezembro de 2021 e março de 2022, 10 monitores coletaram dados de 813 peixes de 28 espécies diferentes. Desses, 29 peixes, carnívoros ou onívoros, e de 10 espécies diferentes, foram testados para mercúrio. Todos testaram positivo.

“Assim que vimos os resultados, passamos a comer menos certos tipos de peixe”, diz Bep Ojo Kaiapó, da aldeia Pyngraitire e intérprete do estudo. “Se houver algo que possamos fazer para evitar adoecer, faremos”, completou.

Com informações de olhardigital


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