Embora o TikTok defina a aba “For You” como um espaço em que vídeos são mostrados com base no comportamento do usuário, recentemente veio a público que também há interferência humana nessa seleção. De acordo com fontes e documentos internos, os funcionários do TikTok podem escolher vídeos específicos para impulsionar na página, dando uma forcinha para que eles viralizem.
A informação foi descoberta pela Forbes, que conversou com seis ex e atuais empregados da ByteDance, além de ter verificado documentos internos da empresa. Posteriormente, no entanto, a revelação foi confirmada pela companhia, após contato para esclarecimentos.
Segundo Jamie Favazza, porta-voz do TikTok:
“Promovemos alguns vídeos para ajudar a diversificar a experiência de conteúdo e apresentar celebridades e criadores emergentes à comunidade TikTok. Apenas algumas pessoas, com sede nos Estados Unidos, têm a capacidade de aprovar conteúdo para promoção nos Estados Unidos, e esse conteúdo representa aproximadamente 0,002% dos vídeos nos feeds Para você.”
Interferência humana pode ser maior
Ainda que essa seja a versão oficial da ByteDance, os documentos obtidos mostram que a curadoria humana no aplicativo é ainda maior do que a relatada, representando cerca de 1% a 2% do total de visualizações diárias de vídeos.
Além disso, de acordo com as fontes ouvidas, essa interferência seria uma forma da empresa agradar criadores e marcas com quem eles querem manter relações comerciais, os beneficiando na distribuição de vídeos. Isso quer dizer que o TikTok pode deliberadamente ajudar um conteúdo a viralizar na plataforma, fabricando “hits” que talvez não tivessem o mesmo desempenho sem a sua ajuda.
Outro ponto também informado pelas fontes é que houve abuso de privilégios no uso dessa ferramenta.
Segundo relatos, funcionários da companhia aproveitaram dessa interferência para vantagem própria, impulsionando vídeos gravados por amigos e familiares. Um incidente que chegou até mesmo a fazer com que uma conta tivesse mais de três milhões de visualizações.
Vale lembrar que, em todos esses casos, não há nenhum tipo de aviso que distingua quais são os vídeos impulsionados e quais são os vídeos entregues pelo algoritmo. Isso significa que ao visualizar um conteúdo no “For You”, o usuário não consegue saber se aquela entrega, de fato, foi feita com base nas suas preferências ou no que alguém gostaria que ele visse.
TikTok já evitou vídeos de usuários “feios” e “pobres”
Essa não é a primeira vez que a rede social se envolve em uma polêmica em que é acusada de privilegiar determinadas contas em detrimento de outras.
Em 2020, documentos internos revelaram que a plataforma instruiu moderadores a não promoverem usuários com “aparência feia” ou em “ambientes pobres”. Uma restrição que, segundo o documento da plataforma, ainda abrangia pessoas com deficiência e gravações realizadas em favelas.
Na época, a rede não desmentiu a instrução, mas alegou que não utilizava mais essa política interna desde o ano passado, quando gravações que não “combinassem com a estética da rede” deveriam ser escondidas por seus moderadores.
Com informações tecnoblog
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