A gravação, que gerou revolta, foi registrada no Instituto do Coração (Incor).

A família de uma jovem de 26 anos, que faleceu em fevereiro após enfrentar uma grave cardiopatia congênita, denunciou duas estudantes de medicina que ironizaram o caso em um vídeo publicado no TikTok. A gravação, que gerou revolta, foi registrada no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, onde a paciente realizou três transplantes cardíacos e um de rim.

No vídeo, as estudantes relatam, em tom de espanto e deboche, que uma paciente teria passado por três transplantes de coração. Sem citar nomes, uma delas comenta: “É surreal. Já é raro fazer um transplante, imagina três!”. A colega acrescenta que o segundo procedimento teria falhado por negligência da paciente com os medicamentos — afirmação desmentida pela família.

A irmã da jovem afirmou que o segundo transplante não teve sucesso devido à doença do enxerto, complicação comum em casos do tipo, e que essa informação foi confirmada pela médica responsável pelo tratamento da paciente por mais de duas décadas. “Elas nunca conheceram minha irmã, mas fizeram julgamentos irresponsáveis”, afirmou.

O vídeo foi apagado, mas havia sido publicado no dia 17 de fevereiro, nove dias antes da morte da jovem, causada por choque séptico e insuficiência renal. A família registrou boletim de ocorrência e acionou o Ministério Público de São Paulo, que encaminhou o caso ao 4º Promotor de Justiça de Direitos Humanos da capital.

Segundo os familiares, as estudantes estagiaram apenas por 30 dias no Incor e violaram normas éticas da instituição. O hospital, por sua vez, afirmou que não tinha conhecimento do vídeo e repudiou a atitude.