segunda-feira, 8 de julho de 2024
Pesquisar

Facções estrangeiras disputam domínio na floresta amazônica

Foto: Divulgação / PF

Apesar de o avanço do crime organizado na Amazônia Legal ser liderado por organizações brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), a presença de grupos estrangeiros na região também está chamando a atenção das autoridades e especialistas. De acordo com um relatório recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, pelo menos 22 facções foram identificadas na área, sendo que cinco delas originaram-se de países vizinhos.

De acordo com o Estadão, a maioria desses grupos vem da Colômbia, expandindo-se por cidades próximas à fronteira do Amazonas. No entanto, há também um grupo venezuelano, o Trem de Aragua, que tem se expandido por cidades de Roraima. Especialistas apontam que essas facções entram no Brasil com interesses financeiros vinculados ao tráfico de cocaína, mas acabam se envolvendo em outras atividades, como o comércio de armas.

Aiala Colares Couto, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da Universidade do Estado do Pará (UEPA), afirma que esses grupos estrangeiros não têm rivalidades com as facções locais, mas estão focados na comercialização da droga que entra no Brasil.

Esses grupos estrangeiros usam a Bacia Amazônica para o transporte de drogas há pelo menos três décadas, e sua presença em território brasileiro aumentou à medida que a região se tornou mais estratégica para o mercado de cocaína.

O Relatório Mundial sobre Drogas 2023, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), divulgado em agosto, indicou um aumento de 35% nas plantações de coca nos principais países de cultivo (Colômbia, Peru e Bolívia) em 2021. Além disso, destacou que o narcotráfico está impulsionando crimes ambientais na Amazônia Legal, como ocupação ilegal de terras, desmatamento e garimpo ilegal. Esse contexto tem relação direta com a expansão das facções pelas cidades da região.

As facções estrangeiras que atuam na Amazônia Legal são: 

– Frente Carolina Ramirez (Ex-Farc) – com atuação no Amazonas (principalmente no município de Japurá);

– Frente Acácio Medina (Ex-Farc) – com atuação no Amazonas (principalmente no município de São Gabriel da Cachoeira);

– Estado Maior Central (EMC) – com atuação no Amazonas (principalmente no município de Japurá);

– Exército de Libertação Nacional (ELN) – com atuação no Amazonas (principalmente no município de São Gabriel da Cachoeira);

– Trem de Aragua – com atuação em Roraima (sem município específico).

Aiala Couto salienta que o Brasil é uma área de trânsito e um mercado consumidor significativo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Isso influencia diretamente a estrutura organizacional dessas facções.

Embora a fronteira entre Paraguai e Mato Grosso do Sul, dominada pelo PCC, seja considerada a principal rota de cocaína do país, a Amazônia também é uma área importante de disputa.

Segundo o relatório do Fórum, das 772 cidades da Amazônia Legal (incluindo todos os sete estados do Norte, além de Mato Grosso e parte do Maranhão), pelo menos 178 têm presença de facções. Mais da metade dos aproximadamente 26 milhões de habitantes da região (57,9%) reside nessas áreas.

Além disso, cerca de 80 municípios estão em situação de disputa territorial entre duas ou mais organizações criminosas. Esse cenário afeta quase um terço (31,12%) da população da Amazônia, o que equivale a quase 9 milhões de pessoas.

Apesar da presença de organizações estrangeiras entre as 22 facções em atuação na Amazônia Legal, como as frentes Carolina Ramirez e Acácio Medina, dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), apenas o Comando Vermelho e o PCC estão presentes em todos os estados da região.

Deixe o seu Comentário

Facções estrangeiras disputam domínio na floresta amazônica

plugins premium WordPress