segunda-feira, 8 de julho de 2024
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Descoberta a origem de uma das estrelas mais antigas da Via Láctea

Os pesquisadores descobriram uma estrela em 2018 e, ao medir sua metalicidade, concluíram que ela é uma das mais antigas da nossa galáxia.

Um estudo publicado recentemente na revista Astronomy & Astrophysics descreve a descoberta da origem de uma das estrelas mais antigas da Via Láctea, proporcionando novos insights sobre o início do universo.

Uma equipe internacional de pesquisadores utilizou o instrumento ESPRESSO, presente no Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), para confirmar a origem primitiva da estrela SMSS1605-1443. Esta pesquisa proporcionou novos insights sobre o início do universo e a formação de estrelas na Via Láctea.

As estrelas que apresentam os menores níveis de metais são consideradas as mais antigas da Via Láctea, tendo sido formadas logo após o Big Bang, há cerca de 13,8 bilhões de anos. Essas estrelas são comparadas a “fósseis vivos”, pois sua composição química pode fornecer informações valiosas sobre os primeiros estágios da evolução do universo.

A estrela SMSS1605-1443 foi descoberta em 2018, mas sua natureza subjacente permanecia desconhecida até recentemente. Através dos esforços de uma equipe internacional de pesquisadores e da utilização do instrumento ESPRESSO, foi possível desvendar a origem desta valiosa “joia” da arqueologia estelar.

“Foi surpreendente descobrir que a estrela SMSS1605-1443 é realmente um sistema binário. Anteriormente, acreditávamos que esse tipo de estrela não poderia existir nessa idade antiga.”, afirma David Aguado, astrofísico da Universidade de Florença e primeiro autor do estudo publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

A alta precisão do espectrógrafo ESPRESSO, permitiu detectar as pequenas variações na velocidade do objeto, comprovando sua natureza binaria, no entanto ainda não se sabe a natureza do objeto companheiro.

Acredita-se que essas estrelas sejam formadas a partir de material processado no interior das primeiras estrelas massivas, ejetado em explosões de supernovas durante os primeiros estágios da formação da Via Láctea. Como resultado, essas estrelas possuem baixo teor de ferro, mas alto teor de carbono, gerado durante o processo de formação das primeiras estrelas massivas.

Utilizando o ESPRESSO, os pesquisadores conseguiram realizar uma análise detalhada das proporções dos isótopos de carbono na estrela SMSS1605-1443. Segundo Jonay Gonzalez Hernandez, co-autor do estudo e pesquisador do Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC), “encontramos a chave na proporção de carbono-12 para carbono-13, que medimos na atmosfera desta estrela. As proporções relativas desses dois isótopos mostraram que os processos internos da estrela não alteraram a sua composição primordial”.

Segundo o pesquisador, essa descoberta é como ter acesso a uma amostra inalterada do ambiente onde a estrela SMSS1605-1443 se formou há mais de 10 bilhões de anos. Isso permite uma compreensão única e valiosa sobre as condições e evolução química do universo em seus estágios iniciais.

Essa descoberta é o resultado de um projeto que teve início há mais de 10 anos, no qual estudamos minuciosamente todas as estrelas conhecidas nesta rara categoria até nos depararmos com essa incrível descoberta, que nos dá uma melhor oportunidade de entender a evolução química do universo”, declarou Carlos Allende Prieto, pesquisador do IAC e coautor do artigo.

“A equipe multidisciplinar de pesquisadores de Espanha, Itália, França, Portugal e Suíça mostrou que o espectrógrafo ESPRESSO é um dos melhores e mais modernos instrumentos para estudar a formação das primeiras estrelas”, disse Rafael Rebolo, diretor do IAC e coautor do estudo. “Estamos muito orgulhosos por ter participado da sua construção.”

Com informações: engenhariae

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