Pedido de investigação cita estrutura paralela de comunicação ligada ao governo.
O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) protocolou um pedido na Câmara dos Deputados para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de investigar o que classificou como “militância digital financiada com verba pública” em apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o parlamentar, influenciadores e agências de publicidade estariam recebendo recursos de órgãos do governo federal para promover campanhas político-partidárias nas redes sociais.
No requerimento, Gayer afirma que a estrutura seria coordenada a partir de ministérios, bancos públicos e da Secretaria de Comunicação Social (Secom), com “disparos coordenados, conteúdo orientado e métricas estratégicas” voltadas à promoção da imagem do governo Lula.
O ponto de partida da denúncia é o lançamento da plataforma “Influenciadores com Lula”, anunciada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no início de julho. A iniciativa cadastra criadores de conteúdo dispostos a colaborar com campanhas como a “Taxação BBB – Bilionários, Bancos e Bets”, defendida pelo governo. Os inscritos podem se engajar na produção de conteúdo, organização de eventos ou liderança de núcleos regionais.
Gayer destaca que a possível utilização de verbas estatais para campanhas nas redes sociais levanta dúvidas sobre a legalidade do financiamento público de ações que podem ter caráter eleitoral. Ele também critica o que considera omissão do Poder Judiciário diante do caso. “Durante o governo anterior, estruturas similares ligadas à oposição foram alvo de repressão severa. Agora, diante de indícios de atuação pró-governo, o silêncio é gritante”, disse.
Se instalada, a CPI poderá convocar influenciadores e representantes de agências para esclarecer os vínculos com o governo e detalhar os contratos e valores envolvidos. A comissão também investigaria se houve desvio de finalidade na aplicação de recursos públicos para comunicação institucional.
O pedido ainda precisa da assinatura de ao menos 171 deputados para ser protocolado oficialmente e submetido à análise da Presidência da Câmara.
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