Pesquisador Felipe Naveca, da Fiocruz, prega cautela e afirma que ainda não é o fim da pandemia no mundo
A pandemia de Covid-19 deixou de representar uma emergência de saúde global nesta sexta-feira (5), conforme anúncio feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para especialistas em saúde, o encerramento da emergência de saúde pública, entretanto, não representa o fim da pandemia, mas indica um grande avanço nesse sentido.
“Os números indicam que o pior já passou. A gente tem uma redução principalmente de casos graves e isso, certamente, é consequência da vacinação, o que nos dá uma segurança maior nesse momento”, apontou o virologista e chefe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados do Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia), Felipe Naveca.
O pesquisador em Saúde Pública, que é o pioneiro no sequenciamento genético do SARS-CoV-2 na Região Norte, afirma que a declaração da OMS não significa o fim da pandemia da Covid-19 no mundo. “Não significa que não haverá pessoas infectadas ou casos graves, significa que agora a Covid-19 entra no mesmo padrão de vigilância que nós temos para outros vírus como influenza, por exemplo. Tudo indica que passamos do pior momento, mas a gente precisa continuar monitorando o vírus ao longo do tempo para não termos surpresas mais a frente”.
Vacinação em larga escala
De acordo com a OMS, a alteração do status só foi possível graças ao avanço da vacinação que permitiu dados positivos como queda no número de casos graves e mortes.“Sem dúvida alguma a vacinação mudou o cenário dessa doença que foi o maior desafio, certamente, da nossa geração. E felizmente, a gente tinha avançado bastante nas pesquisas para se ter uma base que nos permitiu termos uma vacina em pouco tempo. Não foi do zero, o conhecimento já era acumulado e nos permitiu isso”, comentou o pesquisador Felipe Naveca, que destaca que o mesmo cenário também foi constatado no Amazonas.
Em relação a imunização, a médica infectologista e coordenadora do Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais (Crie), da Fundação de Medicina Tropical Doutor Dr Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Solange Dourado, reforça que população continue aderindo a vacinação contra Covid-19. “Destaco a importância da imunização atualizada, conforme orientam as autoridades sanitárias, para que possamos nos manter protegidos. O SARS-CoV-2 provavelmente não irá desaparecer por completo. A finalização a que nos referimos, é do status pandêmico. Sabemos que outros vírus poderão surgir e não há como prever se terão comportamentos similares. Precaução é o nome do jogo!’.
Pandemia no Amazonas
O Amazonas registrou 636.349 casos positivos de Covid-19, desde a confirmação do primeiro caso no dia 13 de março de 2020 até agora. Destes, 318.06 foram identificados na capital e 318.283 no interior do estado. Os dados são do último Boletim Semanal de Monitoramento emitido pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP) na quarta-feira (3).
O boletim informa também que o estado acumula 14.474 mortes, sendo 9.940 em Manaus e 4.534 no interior do Amazonas. Depois da capital, os municípios que mais acumularam mortes de covid de 2020 até agora foram: Manacapuru (421); Parintins (360), Itacoatiara (338), Coari (249) e Tefé (205).
Primeiro caso
No dia 13 de março de 2020, o Governo do Amazonas confirmou primeiro caso de Covid-19 no Estado. A paciente era uma mulher de 39 anos, que tinha voltado de uma viagem recente para Londres, Inglaterra.
A diretora-presidente da FVS na época, Rosemary Costa Pinto, informou que a paciente, assim como em 80% dos casos confirmados no mundo, apresentava sintomas brandos da doença, não precisando ficar internada em uma unidade de saúde. Porém, permaneceu em isolamento domiciliar, com monitoramento diário de profissionais de vigilância em saúde.
Primeira morte
Onze dias depois, o Amazonas confirmava a primeira morte causa pela doença. O paciente morreu em Parintins e, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), tinha 49 anos e sofria de hipertensão arterial sistêmica.
O homem morreu na noite de 24 de março de 2020 no no Hospital e Pronto Socorro (HPS) Delphina Aziz, na zona Norte de Manaus – unidade hospitalar que futuramente viria a ser considerada referência no tratamento de casos de Covid-19 no Amazonas.
Monitoramento
Ao A CRÍTICA, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), instituição vinculada à Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), informou que, até esta sexta-feira (5), a variante Arcturus não foi detectada nos últimos genomas sequenciados. A FVS afirmou que o monitoramento segue sendo realizado.
Ainda conforme a FVS-RCP, em nota, a linhagem XBB.1.5 (Omicron BA.2) foi detectada em 64% dos genomas sequenciados em 2023, sendo, portando a linhagem predominante no estado neste ano. A pasta complementou informando que o Amazonas permanece em muito baixo no risco de transmissão de Covid-19.
Nova variante da Covid: Arcturus
Para o pesquisador Felipe Naveca, o vírus continua evoluindo. Em outras palavras, o vírus continuará apresentando mutações como acontece com a recém-descoberta de uma nova cepa no mundo e detectada, no dia 1º de maio, no Estado de São Paulo, a chamada de Arcturus ou XBB.1.16. “A grande maioria das variantes que vão surgir, elas não vão ter nenhuma mudança no cenário epidemiológico. Algumas foram associadas ao aumento de casos como a XBB.1.16 principalmente na Índia, mas esses casos não se refletiram no aumento importante nos casos graves. Isso é só um exemplo de que precisamos continuar monitorando, mas não é algo de grande preocupação pelo menos no momento”.
Dados atualizados
Hoje, conforme os dados do Programa Nacional de Imunização (PNI) o Amazonas já aplicou 9.048.964 doses em todo o estado até à última quarta-feira (3), sendo 3.425.148 de primeira dose, 2.892.356 de segunda dose, 77.398 com dose única, 1.808.991 de 1ª dose de reforço, 734.366 de 2ª dose de reforço e 7.086 de dose adicional para imunossuprimidos e 103.619 doses de vacina bivalente.
*Com informações acritica
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