Enquanto diversas capitais brasileiras adotam medidas para reduzir a vulnerabilidade social e requalificar áreas centrais, Manaus segue na contramão. No Centro da cidade, o aumento da população em situação de rua e a ausência de políticas públicas eficazes têm gerado preocupação entre moradores, comerciantes e entidades do setor produtivo.
O alerta ganhou novos contornos no último domingo (20/07), quando imagens de um morador em situação de rua encontrado morto nas grades da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios circularam pelas redes sociais.
A vítima era conhecida por frequentadores e comerciantes da região e, segundo relatos, teria tentado furtar fios antes de falecer no local.
Para representantes do comércio e moradores da área, o episódio é reflexo de um problema que vem se agravando: a deterioração urbana da região e a falta de presença mais eficaz por parte da gestão municipal.
Entidades cobram providências da Prefeitura de Manaus
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Manaus), a Associação Comercial do Amazonas (ACA) e a Federação do Comércio do Amazonas (Fecomércio-AM) têm feito reiteradas tentativas de diálogo com a Prefeitura de Manaus.
Segundo representantes das entidades, as reivindicações envolvem medidas de segurança, acolhimento social e requalificação urbana, mas as respostas até agora têm sido limitadas.
O cenário mais crítico é registrado nos arredores da Praça dos Remédios e do Relógio Municipal, onde a presença de pessoas em situação de rua tem sido constante, assim como a ocupação desordenada de calçadas e praças públicas.
Em fevereiro deste ano, a Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc) contabilizou 1.672 pessoas vivendo nas ruas da capital.
A estimativa é que esse número seja ainda maior atualmente. Se providências não forem adotadas com urgência, a cidade corre o risco de vivenciar um quadro semelhante ao que já se viu em outras grandes metrópoles — como São Paulo, onde a região conhecida como Cracolândia chegou a concentrar cerca de 2 mil pessoas.
“O que se vê é um Centro degradado, esvaziado e ignorado”
A repercussão da morte do morador de rua motivou manifestações nas redes sociais e em grupos de mensagem. Uma delas, assinada por João Carlos, morador da região central, viralizou ao descrever com contundência a sensação de abandono da área.
“O que se vê é um Centro degradado, esvaziado e ignorado. Aqui, hoje, já não se vive. Se sobrevive”, escreveu João, em carta pública. Ele também cobrou a ausência de ações sociais efetivas no local: “A assistência social, que deveria atuar, não aparece. No chão da realidade, no concreto das calçadas, ninguém age. Ninguém acolhe.”
As declarações reforçam o apelo de comerciantes e moradores por medidas concretas que resgatem a dignidade da área central de Manaus, antes marcada por sua relevância histórica, comercial e simbólica.
Setor imobiliário também é afetado
Além dos impactos diretos no comércio, o mercado imobiliário da região central também tem sentido os efeitos da degradação. Investidores têm evitado novos empreendimentos e proprietários relatam dificuldades para alugar ou vender imóveis.
“O Centro já foi um polo de grande valor comercial. Hoje, vemos uma redução significativa no interesse de compradores e investidores, o que acende um sinal de alerta para todos que acreditam no potencial da área”, afirmou um corretor que atua na região.
Moradores também manifestam preocupação com a ausência de políticas públicas que contemplem não apenas o aspecto social, mas também a valorização do Centro Histórico como patrimônio cultural e econômico da cidade.
Prefeitura de Manaus é questionada sobre o caso
A equipe de jornalismo do RealTime1 procurou a Prefeitura de Manaus para obter esclarecimentos sobre as ações adotadas no Centro da cidade, especialmente em relação à assistência à população em situação de rua e à requalificação urbana da região.
Até o momento, não houve retorno. Assim que houver manifestação oficial, será incluída na matéria.
*Fonte realtime1
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