Setor teve noticiário positivo ontem, mas investidores seguem mais atentos a fatores macroeconômicos, com preços refletindo baixo volume no fim de ano.

Após movimento de queda que começou na noite de terça-feira (27), o Bitcoin (BTC) e o Ethereum (ETH) operam próximos da estabilidade na manhã desta quinta-feira (29), a US$ 16.595 e US$ 1.199, respectivamente. No entanto, seguem mostrando fraqueza pela proximidade de patamares mínimos do ano, principalmente no caso do BTC.

Investidores reagem principalmente a incertezas macroeconômicas e a preocupações com a maior probabilidade de o banco central dos Estados Unidos aumentar o ritmo de incremento na taxa de juros novamente – nesse sentido, em cenário desfavorável para ativos de risco em geral.

Em entrevista ao CoinDesk, Brent Xu, fundador e CEO do hub DeFi Umee, disse que os mercados parecem destinados a continuar operando no negativo até 2023. “Vamos ver outros seis a 12 meses de sentimento negativo, possivelmente 18 meses”, afirmou. Ainda assim, acrescentou que espera “melhores desenvolvimentos” no longo prazo.

Outras criptomoedas de alto valor de mercado também operam na maioria no vermelho diante de um período de negociações mornas típico para a maioria dos ativos no final do ano. Uma delas é a Solana (SOL), que estende perdas e é negociada abaixo dos US$ 10, seu menor preço em quase dois anos. Já a XRP, que havia chegado a disparar recentemente, recua pelo segundo dia seguido e vai a US$ 0,34 – em 24 horas, as perdas são de 3%.

O desempenho dos ativos digitais acompanha os índices de ações dos EUA, que caíram ligeiramente refletindo a reabertura de fronteiras na China mesmo com o aumento de casos de Covid-19 no país. Os índices Nasdaq e S&P 500 caíram 1,4% e 1,2%, respectivamente, também impactados pelo sell-off de ações da Tesla e pela queda das ações da Southwest Airlines, companhia aérea fortemente afetada pela nevasca nos EUA.

“O mercado parece estar exausto, compreensivelmente, não esperando mais um grande rali técnico e apenas esperando chegar à tarde de sexta-feira sem mais perdas significativas”, disse Louis Navellier, chefe de investimentos da Navellier & Associates à CNBC.

“Covid na China, a guerra na Ucrânia, suprimentos de energia apertados e bancos centrais mais ‘hawkish‘ estarão esperando por nós no ano que vem”, complementou.

Por outro lado, novidades positivas voltaram a ocupar algum espaço no noticiário do setor cripto, que segue preenchido principalmente pelo caso FTX. A Argo Blockchain (ARBK), uma das maiores mineradoras de Bitcoin do mundo, evitou abertura de falência após levantar US$ 100 milhões junto à Galaxy Digital.

Já a MicroStrategy (MSTR), fornecedora de software comercial cofundada por Michael Saylor, ávido defensor do Bitcoin, anunciou a compra de US$ 45 milhões adicionais na criptomoeda pouco depois de confirmar a primeira venda do ativo desde 2020.

Para Xu, da Umee, apesar do recuo dos últimos dias, a volatilidade das criptos continua baixa comparada ao que se viu historicamente, afastando traders de derivativos que costumam dar alguma vida ao setor. “Se você é um operador de opções, não há muita volatilidade”, disse Xu. “Sempre que houver algum movimento de preços, eles não serão sustentados por tempo suficiente sem uma tendência notável. Não é o melhor momento para investir em criptoativos”.

Segundo o trader Vinícius Terranova, caso o Bitcoin perca a zona de US$ 16 mil pode ir até US$ 14 mil. “[A partir daí], vejo uma queda brusca para o suporte de US$ 12 mil, buscando um fundo derradeiro para o Bitcoin”, avalia. “Lembrando que o fundo pode muito bem ser agora e, por isso, eu recomendo o DCA a partir dessa região que estamos”, afirma o analista técnico. DCA é sigla para dollar cost average, o famoso preço médio.

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h15:

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

As criptomoedas com as maiores quedas nas últimas 24 horas:

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

Veja as principais notícias do mercado cripto desta quinta-feira (29):

Alameda liquida tokens Ethereum

Vários tokens mantidos pela empresa de trading do fundador da FTX, a Alameda Research, foram vendidos na noite de quarta-feira (28) por milhões de dólares em meio a um processo de fraude que corre contra Sam Bankman-Fried e seus sócios nos tribunais dos EUA.

Dados obtidos pela empresa de pesquisa cripto Arkham Intelligence diretamente da blockchain Etthereum, onde os tokens “rodam”, sugerem que cerca de US$ 1,7 milhão em tokens de carteiras vinculadas à Alameda foram vendidos no mercado aberto durante várias horas na quarta-feira.

Stablecoins USDC e DAI, assim como tokens Curve (CRV), Convex (CVX), além do próprio ETH, entre outros, foram consolidados de várias carteiras para apenas duas e, posteriormente, vendidos em troca de stablecoins USDT.

O valor das transações variou de uma fração de ETH a mais de 15 ETH, mostram os dados. Os valores foram então convertidos em Bitcoin usando os serviços FixedFloat e ChangeNow.

China prepara primeiro mercado estatal de NFTs

A China está lançando seu primeiro mercado de tokens não-fungíveis (NFT), no mais recente sinal de adoção de uma tecnologia que ocupa uma área cinzenta nas rígidas leis do país sobre criptomoedas.

Uma cerimônia celebrando o lançamento da plataforma, batizada de Plataforma de Negociação de Ativos Digitais da China, em tradução livre, será realizada em Pequim no dia 1º de janeiro.

A plataforma será administrada por um trio de entidades estatais e privadas: China Technology Exchange e Art Exhibitions China, ambas apoiadas pelo governo, e Huban Digital, uma empresa privada, de acordo com o jornal chinês China Daily.

O mercado online também será usado para negociar direitos autorais digitais e direitos de propriedade junto com itens colecionáveis.

Yuan Digital é pouco usado

O Yuan Digital, moeda digital do banco central da China, é pouco usado, disse um ex-funcionário do Banco Popular da China (PBOC) na quarta-feira (28), informou o canal de notícias financeiras Caixin.

Expressando desapontamento com o resultado de um teste em províncias e cidades selecionadas, o ex-funcionário, Xie Ping, disse em uma conferência que a aplicação da moeda digital precisa ser ampliada.

“A circulação cumulativa do yuan digital nos dois anos de testes foi de apenas 100 bilhões de yuans (US$ 14 bilhões)”, disse ele. O número mostrou que “o uso tem sido baixo, altamente inativo”.

“Os resultados não são ideais”, disse Xie, ex-diretor-geral de pesquisa do PBOC, na conferência sobre finanças digitais realizada pela Universidade de Tsinghua, segundo a Caixin.

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