17/12/2025
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Big techs compram uma empresa a cada 11 dias para inibir concorrência, diz entidade

Big techs
Foto reprodução

As big techs querem erguer sua influência em áreas estratégicas, como inteligência artificial e robótica.

Entre os anos de 2019 e 2024, um estudo realizado pelo Centro de Pesquisa sobre Corporações Multinacionais (Somo), com sede na Holanda, trouxe à luz uma prática recorrente entre as maiores empresas de tecnologia, conhecidas como big techs. Essas empresas, que incluem nomes como Amazon, Alphabet (dona do Google), Apple, Meta e Microsoft, realizaram um total de 191 aquisições. Isso significa que, impressionantemente, ocorreu uma compra de empresa a cada 11 dias.

As big techs têm como objetivo principal a expansão de sua influência em áreas estratégicas, tais como inteligência artificial, robótica e computação na nuvem. Apenas uma ínfima parte das negociações, apenas sete, foram minuciosamente avaliadas por órgãos reguladores europeus. Essa prática tem levantado questões sobre o poder e o controle que estas corporações gigantes exercem sobre o mercado global.

Casos Emblemáticos e a Reação dos Reguladores

Alguns episódios de tentativas de restrição a essas aquisições foram notáveis. Por exemplo, a Federal Trade Commission (FTC) dos EUA tentou impedir a Microsoft de adquirir a fabricante de jogos Activision Blizzard e a Meta de comprar a startup de realidade virtual Within. Grande parte das empresas adquiridas situam-se nos EUA, seguidas por empresas da União Europeia e do Reino Unido. Curiosamente, houve até mesmo a aquisição de uma startup brasileira pela Amazon, a qual não recebeu grande atenção da mídia local.

Impacto nas Práticas Comerciais e nas Regulações de Mercado

As táticas empregadas pelas big techs para facilitar estas aquisições incluem a contratação de figuras-chave dentro das empresas adquiridas, como CEOs e cientistas-chefes, e a aquisição de propriedade intelectual. Um exemplo específico foi a desativação da concorrente no setor de inteligência artificial, Character.AI, pelo Google, que contratou seus principais engenheiros.

Em outro caso, a Amazon comprou todas as licenças de livros da Auti Books, facilitando a introdução de sua plataforma de audiolivros, Audible, no Brasil em 2023. Apesar de essas ações gerarem preocupações, elas foram justificadas em alguns contextos como estratégias de integração vertical, que embora aumentem a dominação de mercado das big techs, não representam necessariamente barreiras à concorrência.

Reação dos Especialistas e Implicações para o Futuro

A preocupação com o poder crescente das big techs e seu impacto na sociedade é compartilhada por especialistas e ativistas dos direitos humanos. Raquel da Cruz Lima, coordenadora da organização Artigo 19, argumenta que os instrumentos tradicionais de regulamentação de concorrência estão obsoletos diante das novas dinâmicas trazidas pelas big techs. A questão central não se resume apenas ao consumo, mas sim aos direitos de cidadania em uma sociedade altamente digitalizada.

O estudo da Somo destaca uma realidade preocupante sobre o crescente domínio das big techs, onde a concentração de negócios pode criar uma dependência preocupante da sociedade em poucas entidades dominantes. A necessidade de regulamentação adequada e eficaz se torna cada vez mais urgente para evitar que o poder concentrado nas mãos de algumas poucas empresas dite os termos de inovação e comunicação global. A discussão sobre como balancear inovação e competição justa continua sendo um tema central para o futuro das economias digitais globais.


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