sexta-feira, 5 de julho de 2024
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Atores são presos suspeito de desviar valores doados para o RS

Polícia Civil/Divulgação
Polícia Civil/Divulgação

Dupla é suspeita de criar chaves Pix falsas semelhantes às verdadeiras. Dinheiro doado era para resgate de animais no Rio Grande Sul

Um casal de atores de Fortaleza (CE) foi preso na manhã desta quinta-feira (13/6), por suspeita de aplicar golpes para desvio de doações destinadas ao resgate de animais durante as chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul.

De acordo com a Polícia Civil, a dupla foi identificada a partir de uma apuração do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deis), que integra a Força-Tarefa Cyber, contra estelionatos e fake news envolvendo as inundações no estado gaúcho.

Segundo o diretor da Divisão de Investigação Criminal do Deic, delegado Eibert Moreira Neto, os dois pegavam campanhas reais e faziam chaves Pix parecidas. “Inclusive, duas pessoas que eles forjaram as chaves Pix eram (de) duas influencers com bastante seguidores nas redes sociais, que defendem a causa animal”, disse ele.

Contas falsas de Pix

Segundo a polícia, foram identificadas 234 chaves Pix que teriam sido criadas pelo casal. Somente no mês de maio, foram cerca de 50 chaves. Eles mudavam apenas um algarismo da chave real. O destino dos valores eram contas que teriam sido abertas pelos investigados com uso de documentos falsos.

Os nomes dos suspeitos não foram divulgados pelas autoridades. Porém, de acordo com o portal GZH, os citados são um ator e comediante e uma apresentadora de rádio, atriz e influenciadora digital. O casal Aldanísio Paiva e Regina Belo, ambos de 50 anos, reside em Fortaleza, numa casa onde foi cumprido mandado de busca pelos policiais. Com eles, foram apreendidos documentos falsos.

Conforme o delegado João Vitor Heredia, a dupla contava com o erro das pessoas quando fossem fazer o Pix para as campanhas.

Policiais civis do Rio Grande do Sul viajaram mais de 4 mil quilômetros para o cumprimento da prisão preventiva da dupla decretada pela Justiça.

Campanhas atingidas

Segundo a polícia, foram alvo, por exemplo, as campanhas de doação de Paola Saldívia (@paolasaldivia), de Canoas, na Região Metropolitana, que tem 358 mil seguidores no Instagram, e Deise Falci (@deisefalci), de Porto Alegre, que tem atualmente 582 mil seguidores.

As duas são protetoras de animais, com atuação nos resgates durante a enchente, e divulgam as campanhas com o propósito de arrecadar valores a serem destinados ao cuidado dos pets resgatados. Elas, inclusive, ganharam muitos seguidores ao longo do período da tragédia climática, ao mostrarem o trabalho nos resgates. As próprias influenciadoras, segundo a polícia, perceberam que os doadores estavam tendo problema na hora de fazer o Pix.

No entanto, segundo a polícia, essas não foram as únicas campanhas atingidas. Outras chaves teriam sido criadas pelo casal envolvendo campanhas de doações. A polícia ainda aguarda o retorno do bloqueio do sigilo bancário para saber quanto chegou efetivamente a ser repassado ao casal investigado nesse período.

A operação, que conta com apoio da Polícia Civil do Ceará, é chamada de Dilúvio Moral Doppelganger. O nome faz alusão justamente ao fato de o casal ser suspeito de ter se passado pelos idosos para abrir as contas. A palavra “doppelganger” remete a uma espécie de sósia ou “duplo ambulante”. Nas lendas nórdicas e germânicas, ver o próprio doppelganger era um presságio da morte.

Força-Tarefa Cyber

A força-tarefa foi criada para combater os casos de golpes criados durante a tragédia climática e, também, a disseminação de fake news envolvendo o mesmo tema.

Até o momento, cerca de 60 casos foram analisados pelo grupo e pelo menos 30 inquéritos foram abertos. Ao menos 71 sites, perfis e publicações foram retirados do ar.

Como denunciar

Caso seja vítima de algum golpe ou perceba que uma página ou perfil está disseminando notícias falsas, registre o fato na Polícia Civil. Só assim será possível investigar os crimes e chegar aos responsáveis. A comunicação pode ser feita por meio dos números 197, 181 ou no (51)98444-0606. Também é possível registrar ocorrência nas delegacias ou pelo site da Delegacia Online.

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