Concessionária Amazonas Energia e empresas carioca Green Energy têm um contrato prévio de compra e venda.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) marcou, para a próxima quarta-feira (27), uma audiência entre a diretora Agnes Maria de Aragão da Costa e representantes da Amazonas Energia e o grupo Green Energy para conhecer detalhes do acordo prévio de compra e venda estabelecido entre as duas.
Conforme a agência de notícias INFRA, este acordo prevê um aporte de R$ 6 bilhões na Green Energy pelo fundo israelense Lux, o que permitiria a empresa carioca adquirir o controle acionário da Amazonas Energia, hoje pertencente ao grupo Oliveira Energia, do empresário amazonense Orsine Oliveira.
A troca no controle acionário precisa ser aprovada pela ANEEL e, por isso, foi marcada a audiência entre as partes para a próxima quarta-feira, em Brasília.
Agnes Costa acompanha a situação da Amazonas Energia e precisa conhecer os detalhes da negociação com a Green Energy “para o nivelamento das etapas que compõem o processo de transferência”, diz a INFRA.
Em maio, durante uma audiência pública no Senado, Agnes Costa havia se posicionado favoravelmente a venda do controle acionário em face das dívidas de R$ 8 bilhões da concessionária amazonense, o que ela considerava menos traumático que uma reestatização da companhia, privatizada em 2018.
Agnes Costa informou, após a audiência, que a companhia tinha “algumas conversas em aberto” com potenciais interessados na compra. Essas conversas foram intermediadas pelo banco de investimentos BTG Pactual.
Para a diretora, a venda da Amazonas Energia era a melhor alternativa, já que uma possível intervenção não solucionaria o problema da concessão e poderia ser um processo “traumático”.
“Intervir não resolve. Se você intervém, você tem duas alternativas: ou trazem alguém que vai comprar, troca de controle, que é o que a gente já está discutindo, ou a gente recomenda caducidade. Não é uma solução. Você sempre vai cair para essas duas coisas, ou troca de controle ou caducidade. Troca de controle é o menos traumático para todo mundo. Caducidade a gente nunca teve no setor elétrico”, analisou na época Agnes Costa.
Amazonas Energia privatizada
Privatizada no fim de 2018 pelo Governo de Michel Temer (MDB) por simbólicos R$ 50 mil, a Amazonas Energia foi comprada por um consórcio formado pela Oliveira Energia, do empresário Orsine Oliveira, e Atem Distribuidora de Petróleo, da família Dib. Os dois grupos são genuinamente amazonenses
A companhia tinha à época um passivo de aproximadamente R$ 3 bilhões com a Eletrobras, por meio da subsidiária Eletronorte. O consórcio também comprou a Roraima Energia, a distribuidora do Estado vizinho. Atualmente o passivo da Amazonas Energia é de R$ 8 bilhões.
Os problemas da Amazonas Energia
As dificuldades operacionais da Amazonas Energia começaram logo em 2019 com a saída da Atem do consórcio para se preparar para o leilão da Refinaria de Manaus Isaac Benayon Sabbá, negócio concretizado em dezembro do ano passado.
O mercado estima que Orsine Oliveira pagou R$ 1,8 bilhão a Atem para ficar com o negócio sozinho. Isso teria enfraquecido os cofres da Oliveira Energia, que um ano antes tinha desembolsado outro R$ 1 bilhão para construir 42 Produtores Independentes de Energia em 42 municípios do interior do Amazonas.
Outro baque foi o rompimento do cabo subaquático que leva energia para os municípios de Iranduba, Manacapuru e Novo Airão, em julho de 2019, que causou um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão em indenizações devidas aos consumidores e a reconstrução dessa linha de transmissão.
De acordo com dados do relatório da CPI da Amazonas Energia, presidida pelo deputado Sinésio Campos (PT) na Assembleia Legislativa do Amazonas, o passivo da empresa chega hoje a R$ 7,5 bilhões e, por isso desde novembro Orsine busca vender a concessão ou buscar um sócio para evitar a reestatização.
A CPI na Assembleia foi outra fonte de dor de cabeça para a Amazonas Energia, que por conta dela viu fracassar a principal iniciativa pra cortar o “roubo” de energia, a instalação de medidores aéreos.
O Realtime1 tentou ouvir a Amazonas Energia e a Green Energy, mas até este momento não recebeu respostas. Se responderem, este texto será atualizado.
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