Ismael Gomes afirma que nunca recebeu pedido de retratação da mulher após ser inocentado.

Acusado injustamente de agredir e assaltar uma mulher após uma corrida por aplicativo, o motociclista Ismael Gomes conseguiu provar que não teve qualquer participação no crime ocorrido no dia 14 de dezembro, na saída de uma casa de festas, em Manaus. A confirmação da inocência veio após a prisão do verdadeiro autor do ataque, detido na segunda-feira (29), encerrando um período de exposição pública, ameaças de morte e prejuízos pessoais e profissionais.

Ismael teve sua imagem divulgada pela própria vítima, a corretora de imóveis Márcia Santos, de 37 anos, nas redes sociais. A foto se espalhou rapidamente por perfis no Instagram, o que levou o motociclista a ser alvo de ataques virtuais, ameaças e julgamentos públicos antes mesmo de qualquer conclusão da investigação. Com medo e tentando se defender, ele procurou espontaneamente a delegacia e negou desde o início qualquer envolvimento no caso.

“É uma sensação de alívio. Ao mesmo tempo em que a polícia conseguiu provar quem eram os verdadeiros culpados, isso acaba me tirando da cena do crime, da qual eu nunca cheguei nem perto de participar”, afirmou Ismael. Em um desabafo, ele destacou a frustração por nunca ter recebido um pedido de desculpas de Márcia. “Eu espero que um dia ela possa me explicar o que aconteceu. Mas acredito que ela teve todo esse tempo de se retratar comigo, de me procurar, de me mandar uma mensagem, e em nenhum momento isso aconteceu.”

Segundo Ismael, mesmo sob pressão e ataques públicos, ele manteve a postura de colaborar com as autoridades. “Em todos os momentos, eu fui até a delegacia e procurei mostrar para a sociedade que eu era inocente. Graças a Deus, hoje se encerra esse ciclo”, declarou.

A defesa do motociclista informou que vai ingressar com ação judicial por danos morais e materiais contra a mulher que o acusou. Além do abalo psicológico e das ameaças recebidas, Ismael foi excluído da plataforma de transporte por aplicativo, ficando impossibilitado de trabalhar e sustentar a família durante o período em que esteve sob suspeita.

Sobre o crime

As investigações conduzidas pela Polícia Civil do Amazonas esclareceram a dinâmica do crime. De acordo com a delegada Elizabeth de Paula, a vítima solicitou uma corrida por aplicativo ao sair da casa de festas, mas embarcou em uma motocicleta diferente da que havia sido chamada.

Imagens de câmeras de segurança mostraram que o condutor, mesmo sabendo que não era o motorista correto, seguiu com a passageira. Logo atrás, outras duas motocicletas passaram a acompanhar o trajeto. “Os três agiram de forma premeditada para levar a mulher até o bairro Petrópolis, na zona Sul, com o objetivo de roubá-la”, explicou a delegada.

No local, um dos envolvidos ficou responsável por vigiar a área, enquanto os outros dois agrediram a vítima para tentar obter a senha do celular. Como não conseguiram acessar o aparelho, o trio fugiu, deixando a mulher ferida no chão. As apurações também apontaram o uso de placas adulteradas para dificultar a identificação dos veículos.

Com o apoio do Cerco Inteligente de Videomonitoramento – Paredão, a polícia conseguiu identificar as placas reais e chegar ao suspeito, que foi preso e reconhecido pela vítima. A elucidação do caso retirou definitivamente Ismael da condição de suspeito e expôs os riscos de acusações precipitadas nas redes sociais.

“Naquele início de semana fiquei muito apreensivo e nervoso, mas fui lá mostrei meu GPS, o relatório da 99. Sempre tive a índole limpa e fui acusado injustamente. Tenho certeza de que as pessoas que me acusaram falsamente hoje refletem: ‘Não devo fazer esse tipo de coisa, não devo julgar sem saber a verdade’. Todos estamos sujeitos a errar, mas nunca devemos ter atitudes precipitadas. É preciso ouvir os dois lados”, disse o mototcilista.