29/12/2025
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APOIO SUPREMO: Acareação de Toffoli ajuda plano da defesa do Banco Master

Acareação de Toffoli
Foto Divulgação

Os advogados do banco questionam a credibilidade do Banco Central para tentar anular a liquidação determinada pela autarquia

A defesa do Banco Master planeja os próximos passos depois de obter o envio da investigação para o Supremo Tribunal Federal (STF) e garantir segredo absoluto no processo. A próxima etapa dos advogados é enfraquecer a credibilidade do Banco Central (BC) e atacar a decisão que resultou na liquidação do Master, com o objetivo de reverter a medida e, possivelmente, obter ressarcimento.

O plano dos representantes legais do Master já foi delineado em manifestações enviadas ao STF e ao Tribunal de Contas da União. O ministro Jhonatan de Jesus solicitou esclarecimentos ao Banco Central sobre a decisão de liquidar o banco de Daniel Vorcaro, al qual ele considera extrema.

Para atingir seus objetivos, a defesa busca criar situações que justifiquem uma decisão do ministro Dias Toffoli contra diretores e técnicos do BC, apostando no histórico do magistrado. As informações foram divulgadas primeiramente pelo jornal O Globo.

Um segurança permanece de guarda em frente ao Banco Master, depois da prisão do acionista controlador da instituição financeira, o empresário Daniel Vorcaro, em São Paulo, Brasil, em 18 de novembro de 2025 | Foto: Reuters/Amanda Perobelli

Depois do episódio em que viajou no avião de um empresário ao lado do advogado de um dos investigados, Toffoli tem tomado decisões alinhadas com os interesses do Master. Recentemente, negou pedidos da Procuradoria-Geral da República e do próprio BC para suspender a acareação entre Daniel Vorcaro, o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Paulo Henrique Costa e o diretor de fiscalização do BC, Ailton Aquino.

O ministro afirmou que “Aquino não é investigado”, mas colocou todos em situação semelhante no procedimento, que pretende confrontar versões, ainda que nenhum deles tenha prestado depoimento até o momento, segundo informações da fonte original.

O processo de liquidação do Master foi aprovado por unanimidade na diretoria colegiada do Banco Central. O presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, também votou favoravelmente, embora não fosse obrigatório, pois os outros oito diretores já apoiavam a medida. Toda a cúpula assumiu responsabilidade pela decisão.

No entanto, Ailton Aquino foi o maior resistente à liquidação. Dentro do BC e no sistema financeiro, era visto como aliado do Master. O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) registrou 38 comunicados sobre riscos de liquidez, inconsistências no balanço do banco e outras questões, a maioria direcionada à área de Aquino, que minimizava os problemas em reuniões presenciais, segundo relatos de participantes.

Daniel Vorcaro, presidente do Banco Master | Foto: Divulgação

Divisões internas e pressão política no Banco Central

A discussão sobre medidas mais sérias, como intervenção ou liquidação, ganhou força a partir de março de 2025, quando o BRB anunciou a compra de 58% das ações do Master, mas manteve Daniel Vorcaro na administração, caracterizando um socorro sem transferência de controle.

Durante a análise da operação, a diretoria de Organização do Sistema Financeiro identificou fraudes em contratos de crédito consignado, que justificaram o repasse de R$ 12,2 bilhões do BRB ao Master antes da fusão.

O episódio provocou divisão interna: enquanto a área de Renato Gomes defendia intervenção, Aquino buscava alternativas para manter o banco em funcionamento. Os técnicos mais informados sobre as fraudes eram ligados a Gomes, cujo mandato já terminou.

Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central | Foto: Raphael Ribeiro/BC
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central | Foto: Raphael Ribeiro/BC

No Banco Central, há receio entre funcionários sobre possíveis convocações para depoimentos, diante da pressão política relatada ao Ministério Público e à Polícia Federal, considerada inédita em favor de um único banco.

Em julho de 2025, o ministro do STF Alexandre de Moraes intercedeu junto a Galípolo pelo Master. Moraes, cuja mulher possui contrato de R$ 130 milhões com o banco, expressou simpatia por Vorcaro e alegou perseguição dos grandes concorrentes. Depois de ser informado sobre as fraudes, admitiu a necessidade de investigação.

No mesmo período, o Master deixou de cumprir as exigências de depósitos compulsórios no Banco Central e solicitou ao FGC a abertura de linhas de crédito, sinais de agravamento nos problemas de liquidez. Dois dias antes da decretação da liquidação e da prisão de Vorcaro, o empresário marcou reunião com Aquino para informar sobre possíveis compradores, incluindo uma financeira e um fundo árabe não identificado.

Ministros do STF em jantar promovido pelo Banco Master, alvo de investigação da PF
Ministros do STF em jantar promovido pelo Banco Master, alvo de investigação da PF | Foto: Reprodução/ X

Consequências da prisão e estratégias jurídicas em favor do Master

Depois da prisão de Vorcaro, em Guarulhos (SP), o registro da reunião foi utilizado pela defesa para argumentar que ele avisou ao BC sobre viagem a Dubai, o que afastava suspeitas de fuga. O documento, assinado por Aquino, foi decisivo para transferi-lo à prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.

Os representantes do Banco Central afirmam que, caso o objetivo fosse esclarecer a atuação técnica, Toffoli deveria convocar outros diretores além de Aquino, considerado próximo a Vorcaro. Por isso, advogados do BC apontam risco de “armadilhas processuais” e pedem o cancelamento da acareação.

Internamente, Toffoli tenta convencer interlocutores de que não beneficiará o Master. Até o momento, segundo o O Globo, suas decisões têm favorecido os interesses do banco, segundo observadores do caso.


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