Mídia norte-coreana mostrou Ju-ae acompanhando o pai, Kim Jong-un, em viagem à China na semana passada

A filha do líder norte-coreano Kim Jong-un, Ju-ae, reforçou sua posição como provável sucessora do regime após acompanhar o pai em viagem recente à China, informou o Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) a parlamentares na última quinta-feira (11).

Segundo os legisladores, Ju-ae, que estaria no início da adolescência, permaneceu na embaixada norte-coreana durante a visita e evitou a exposição pública, mas ainda assim conseguiu “garantir o suficiente da narrativa” necessária para solidificar seu papel como herdeira.

“O propósito da viagem dela foi essencialmente parte de um processo para completar a narrativa com sua sucessão em mente”, afirmou um parlamentar que participou do briefing fechado do NIS. As informações são da agência sul-coreana Yonhap.

Na semana passada, a mídia estatal norte-coreana mostrou Ju-ae ao lado de Kim durante o desfile militar em Pequim, onde também estavam presentes os presidentes Xi Jinping e Vladimir Putin. A aparição aumentou as especulações de que ela será escolhida para dar continuidade à dinastia que governa o país desde 1948.

Questionado sobre a existência de outros filhos de Kim que poderiam disputar a sucessão, o NIS mencionou rumores de que uma segunda criança teria deficiência ou estaria estudando no exterior, mas considerou essa hipótese improvável.

A agência também avaliou que o líder não apresenta problemas graves de saúde. “Kim cumpriu todo o cronograma sem quaisquer problemas de saúde. Ele foi visto ocasionalmente suando muito ou ofegando ao subir escadas devido à obesidade, mas sua frequência cardíaca e pressão arterial estão dentro da faixa normal”, relataram os parlamentares.

O NIS acrescentou que Kim aparentou “nervosismo” e “falta de experiência” durante o desfile. Ele teria caminhado à frente de Xi Jinping na entrada da cerimônia e imitado gestos de Vladimir Putin nas conversas com líderes estrangeiros.

Apesar disso, a agência disse que Kim considera ter saído fortalecido politicamente da viagem. “Ele acredita ter projetado uma imagem de solidariedade entre Coreia do Norte, China e Rússia, retratando-se como líder de um estado normal”, afirmou o relatório.

Para os analistas sul-coreanos, Pyongyang deve adotar uma postura mais assertiva no cenário internacional, impulsionada pela confiança obtida na visita a Pequim. Foi a primeira viagem de Kim à China desde 2019 e sua estreia em um evento diplomático multilateral ao lado de Xi e Putin.