A decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular todos os processos contra o ex-ministro Antonio Palocci no âmbito da Operação Lava-Jato gerou forte reação da Transparência Internacional Brasil. A ONG afirmou que essa medida “abala gravemente a confiança da sociedade no STF” e representa um risco para o Estado Democrático de Direito no Brasil.

Toffoli atendeu a um pedido da defesa de Palocci para estender a ele o mesmo entendimento já adotado em outros casos da Lava-Jato. Em sua decisão, o ministro considerou que houve “conluio” entre os procuradores da força-tarefa e o então juiz Sergio Moro, alegando que o devido processo legal não foi respeitado. O argumento se baseia em revelações da Operação Spoofing, que indicaram trocas de informações sigilosas entre Moro e os procuradores da Lava-Jato.

A Transparência Internacional Brasil criticou duramente a anulação em massa de condenações relacionadas à macrocorrupção, incluindo casos com délatores confessos. Segundo a ONG, essas decisões minam a legitimidade do STF em um momento crucial, em que a Corte precisará julgar um ex-presidente acusado de tentativa de golpe de Estado.

A defesa de Palocci celebrou a decisão, argumentando que ele foi alvo de um processo injusto e parcial. O ex-ministro havia sido réu em sete ações penais da Lava-Jato, restando apenas uma em tramitação, na qual ele era corréu do empreiteiro Marcelo Odebrecht, também beneficiado por decisão similar de Toffoli em 2024.

A anulação dos processos contra Palocci reacende o debate sobre os impactos da Lava-Jato e as consequências jurídicas das ações da operação. Enquanto parte da sociedade vê nessas decisões uma correção de abusos judiciais, outros as interpretam como um retrocesso no combate à corrupção no Brasil.