Durante Intercâmbio, Os Participantes Aprenderam A Como Iniciar As Práticas De Meliponicultura, Seguindo Os Princípios Da Agroecologia
Uma capacitação para a meliponicultura foi organizada para comunitários da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma, da RDS do Rio Amapá, e da Floresta Nacional Aripuanã. O evento contou com a participação de 38 comunitários das três Unidades de Conservação.
A capacitação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), aconteceu de 27 de maio a 1º de junho, na comunidade Flexal, localizada na RDS do Juma, em Novo Aripuanã (a 227 quilômetros de Manaus). O curso abordou diversas técnicas de manejo sustentável das abelhas sem ferrão, enfatizando a importância da conservação das florestas locais.
“Esse intercâmbio é um marco para a meliponicultura dessa região. O manejo de abelhas sem ferrão, quando feito seguindo as boas práticas que a agroecologia propaga, é uma forma de conservação da espécie, e também da floresta no entorno da área manejada. Além disso, é um forte incentivo para a bioeconomia, que é o que mais propagamos dentro das Unidades de Conservação de uso sustentável”, afirmou a gestora das RDS do Juma e do Rio Madeira, Khimberlly Sena.
Capacitação
Durante os quatro dias de intercâmbio, os participantes aprenderam a como iniciar as práticas de meliponicultura, seguindo os princípios da agroecologia. O técnico em Meliponicultura do Idam e instrutor do curso, Ezequiel Assunção, destacou que embora as técnicas sejam semelhantes em diferentes regiões, é importante adaptar a meliponicultura ao ambiente local.
“Cada região é um caso. Na meliponicultura, muito parecido com outras atividades, nós temos sempre que ambientar toda a produção àquele local. As técnicas não vão ser outras, mas a adaptação sim, então nós temos que levar esse ensinamento a outras populações, de que a região do comunitário é a melhor possível para trabalhar. Nós sempre temos que tirar o melhor de cada público”, explicou.
Os comunitários aprenderam a como construir casas de abelha artificiais, transferência de colmeias, cuidados com as abelhas e com o entorno do meliponário, boas práticas de manipulação, dentre outras atividades. A integração entre as comunidades e a troca de conhecimentos foi estimulada pelos instrutores.
“Achei boa a organização de trazer outras áreas para aproveitar o curso. Não havia somente comunitários daqui das proximidades, mas também de reservas mais distantes, isso foi uma parte muito bacana. E eles estarem participando, gostarem da atividade, darem também suas sugestões, foi um ponto excelente”, declarou a veterinária e instrutora do curso, Sunique Bentes.
Incentivo comunitário
A demanda pela capacitação surgiu em 2021, quando Manoel Carvalho, e sua esposa, Erilza Quadro, moradores da comunidade Flexal, buscaram ajuda da Sema para iniciar a criação de abelhas sem ferrão. Em 2022, Manoel e Erilza ingressaram na Rede de Meliponicultores do Amazonas, trocando experiências e melhorando sua produção.
“Nós começamos com uma caixa. Aí a gente multiplicou para duas, três. Trazia do mato o tronco para a caixa. A gente foi evoluindo cada vez mais. Agora eu penso em parar e em cuidar dessas que estão aqui, pra que elas possam aumentar por conta própria. No momento, elas dependem só da florada da várzea. A gente tem muito o que plantar pra que elas possam capturar mais perto os alimentos,” explicou Manoel.
Atualmente, o casal tem 25 caixas de criação e uma produção média de seis litros de mel por mês. Com a participação de moradores da RDS do Juma na capacitação oferecida pela Sema e o Idam, a expectativa de ambos é aumentar a rede de meliponicultores locais.
“O mel delas serve para muita coisa que eu não sabia. Com esse curso, a gente pretende fazer mais coisas, para aumentar a qualidade do mel, e das abelhas também. Aprendi muito nesses quatro dias, e agora planejo ajudar meus vizinhos a desenvolverem suas criações também”, declarou Erilza.
Áreas Protegidas
A logística recebeu apoio financeiro do Unicef e do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), que é uma iniciativa conjunta patrocinada por agências governamentais e não governamentais para expandir a proteção da floresta amazônica. Coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, tem o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) como gestor e executor financeiro. No Amazonas, é executado por meio da Sema, em 24 Unidades de Conservação do Estado.
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