Ação foi duramente criticada por políticos e moradores
Indícios de uso desproporcional da força, danos ambientais e impactos sociais e psicológicos sobre a população ribeirinha — especialmente crianças e adolescentes — constam do relatório preliminar da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado Federal. O documento é resultado da diligência externa realizada nos municípios de Humaitá e Manicoré, no Amazonas, para apurar denúncias de violações de direitos humanos durante a Operação Boiúna, deflagrada pela Polícia Federal em setembro de 2025, no Rio Madeira.
A diligência do Senado aos dois municípios, realizada no mês passado, foi integrada pelos senadores Plínio Valério (PSDB-AM) — autor do requerimento que solicitou a investigação — e Damares Alves (Republicanos-DF), presidente da CDH.
O relatório, assinado por Damares Alves, relata uso excessivo da força, destruição de moradias e impactos humanitários decorrentes da operação. O documento divulgado na última quarta-feira (15) aponta como principais constatações o lançamento de mais de 1.500 explosivos, a destruição de moradias flutuantes, a suspensão de aulas de quase 10 mil alunos, contaminação das águas e relatos de traumas e pânico coletivo entre os moradores atingidos pelas ações policiais.
O relatório também cita a possível presença de estrangeiros na operação, o que levantou questionamentos sobre a soberania nacional.
“Foi uma diligência importantíssima para ouvir e socorrer os desabrigados dos flutuantes destruídos em uma operação executada com requintes de crueldade, sem nenhuma preocupação com o impacto social, comercial e humano”, destacou o senador Plínio Valério.
A diligência contou ainda com o apoio do deputado Dr. Fernando Máximo (União-RO). O relatório de Damares recomenda o envio de requerimentos de informação aos ministérios da Justiça, Meio Ambiente e Povos Indígenas, além de indicações ao Executivo Federal para regulamentar o extrativismo mineral familiar e criar protocolos para ações policiais em comunidades tradicionais.
O documento também sugere o encaminhamento de ofícios ao Ministério Público Federal (MPF) e à Polícia Federal (PF) para que sejam apuradas as denúncias de abusos e irregularidades.
“O que vimos em Humaitá e Manicoré foi desumano. O Estado tem o dever de proteger, não de destruir. Que este relatório sirva como um alerta e um compromisso de reparação e justiça para o povo amazônida”, afirmou a senadora Damares Alves, ao encerrar a apresentação do documento.
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