O governo da Nicarágua, liderado pelo presidente Daniel Ortega, aumentou ainda mais sua escalada autoritária ao declarar ilegal a ordem religiosa dos jesuítas e ordenar o confisco de todos os seus bens. Essa ação ocorre apenas uma semana após o governo ter confiscado todos os ativos da Universidade da América Central, uma instituição administrada precisamente pela Companhia de Jesus na Nicarágua, alegando que a universidade era um “centro de terrorismo”.
A ordem de confisco, que foi publicada na última quarta-feira, alegava que a ordem católica romana não estava cumprindo suas obrigações fiscais. No entanto, essa medida é amplamente vista como parte de uma série de ações cada vez mais autoritárias do governo nicaraguense contra a Igreja Católica e figuras da oposição.
A Companhia de Jesus condenou veementemente as ações do governo e afirmou que esta é uma política que sistematicamente viola os direitos humanos e parece buscar a consolidação de um Estado totalitário. A Universidade da América Central, localizada na Nicarágua, desempenhou um papel central nos protestos de 2018 contra o regime de Ortega.
Desde dezembro de 2021, pelo menos 26 universidades nicaraguenses foram fechadas e seus bens confiscados por ordem do governo Ortega, em um procedimento semelhante. Surpreendentemente, sete delas eram instituições estrangeiras. Essas ações têm gerado preocupações generalizadas sobre a liberdade acadêmica e a democracia no país.
Em um episódio que reflete a tensão crescente, o Vaticano encerrou sua embaixada na Nicarágua em abril, após o governo local ter proposto a suspensão das relações diplomáticas. Além disso, no ano passado, duas congregações de freiras, incluindo a ordem das Missionárias da Caridade, fundada por Madre Teresa, foram expulsas da Nicarágua.
As ações de expulsão, fechamento e confisco não se limitam apenas à Igreja. A Nicarágua ilegalizou ou fechou mais de 3.000 grupos cívicos e organizações não-governamentais, minando ainda mais as instituições democráticas e a sociedade civil do país. A comunidade internacional continua a condenar veementemente essas ações do governo nicaraguense, enquanto a população local enfrenta um clima de crescente repressão e incerteza sobre o futuro do país.
Confiscos
Funcionários da Universidade Jesuíta da América Central, em Manágua, retiraram no último dia 16 de agosto um crucifixo da capela da universidade, para evitar possível profanação após o confisco do prédio e dos bens da instituição pela ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua. A informação foi divulgada nas redes por James Martin, padre jesuíta e colaborador da America Magazine.
Desde 2018, quando paróquias nicaraguenses abrigaram manifestantes contrários ao seu regime, Ortega abriu uma guerra contra os representantes da Igreja Católica no país. Entre outras medidas arbitrárias, fechou congregações e rádios católicas, expulsou missionárias e manteve um bispo em cárcere privado.
Além de confiscar os bens e o prédio da Universidade Jesuíta, a ditadura removeu, na última quinta (17), o nome da instituição do edifício que tomou.
Em nota, a chefia da Companhia de Jesus para a América Central classificou como “totalmente falsas e infundadas” as acusações do regime de Ortega, que chamou a universidade de “centro de terrorismo”. O comunicado descreve o confisco na instituição como parte de uma “política de governo que está sistematicamente violando direitos (…) [e] visando à consolidação de um estado totalitário”.
Em março deste ano, o papa Francisco, que também é jesuíta, chamou a Nicarágua de “ditadura grosseira” e criticou o “desequilíbrio” de Ortega.
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