Parlamentares de partidos da base e da oposição alegam pressão e medo de retaliações para justificar votos favoráveis.
Quatro deputados federais usaram as redes sociais nesta sexta-feira (19) para pedir desculpas por terem votado a favor da chamada PEC da Blindagem, aprovada na Câmara dos Deputados com 344 votos favoráveis e 133 contrários. A proposta, que amplia o foro privilegiado e restringe investigações contra parlamentares, agora será analisada pelo Senado.
Entre os arrependidos estão nomes do PT — partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — e de siglas que cogitam se afastar da base governista, como União Brasil e PP.
O líder do PSB na Câmara, Pedro Campos (PE), admitiu que errou ao apoiar o texto. Segundo ele, a bancada avaliou que, ao negociar pontos da PEC, poderia evitar a aprovação de uma anistia mais ampla e ainda garantir a votação de projetos importantes, como a tarifa social de energia e mudanças no Imposto de Renda. Campos, no entanto, criticou a inclusão do voto secreto em uma emenda posterior, classificando a manobra como um retrocesso.
Merlong Solano (PT-PI) também se desculpou e afirmou que a decisão foi tomada para preservar a relação entre o PT e a presidência da Câmara, exercida por Hugo Motta (Republicanos-PB).
Já a deputada Silvye Alves (União-GO) relatou que chegou a votar contra a PEC, mas voltou atrás após receber ligações de figuras influentes do Congresso. Ela disse ter mudado de posição por “medo de retaliações” e classificou sua escolha como um ato de covardia.
Thiago de Joaldo (PP-SE) foi outro a se retratar, afirmando que a Câmara “errou na mão” ao aprovar a proposta. O parlamentar prometeu trabalhar para que o Senado rejeite a medida.
Apelidada por críticos de “PEC da Bandidagem”, a proposta prevê que o Supremo Tribunal Federal (STF) não possa abrir processos contra parlamentares sem aval do Congresso, além de restringir prisões e investigações.
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