O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, denunciou o autoritarismo do governo chinês e pediu a libertação dos prisioneiros
Uma das maiores redes de igrejas domésticas da China enfrenta repressão severa. Mais de 30 líderes cristãos, incluindo o fundador da Zion Church, Jin Mingri, foram presos no último sábado, 11, durante uma operação policial em diferentes cidades, conforme relatos da organização ChinaAid, sediada nos EUA.
O Partido Comunista Chinês mantém rígido controle sobre práticas religiosas e promove o ateísmo, exigindo que cristãos frequentem apenas igrejas autorizadas pelo Estado, sob liderança aprovada pelo governo. Pequim também controla os sermões e permite a leitura da Bíblia somente na versão produzida pelo governo.
Até o momento, não há confirmação se os detidos foram formalmente acusados. “Essa perseguição sistemática é não apenas um ultraje à Igreja de Deus, mas também um desafio público à comunidade internacional”, afirmou a Zion Church em comunicado divulgado pela ChinaAid. Grupos cristãos avaliam que esta é a onda de repressão do governo comunista chinês mais severa das últimas décadas.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, cobrou a libertação dos cristãos. Ele declarou que a repressão “demonstra a hostilidade do Partido Comunista Chinês contra cristãos que rejeitam a interferência do Partido em sua fé e optam por cultuar em igrejas domésticas não registradas”.
Também se manifestaram contra as prisões o ex-vice-presidente Mike Pence e o ex-secretário de Estado, Mike Pompeo, por meio da rede social X. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou desconhecer os casos e disse que o governo conduz assuntos religiosos conforme a lei, protege a liberdade religiosa e se opõe à interferência dos EUA sob “questões religiosas”.
Sob Xi, China intensifica perseguição religiosa
Desde que Xi Jinping assumiu o governo, aumentaram as restrições à liberdade religiosa, que afetam especialmente cristãos e muçulmanos. Em 2016, Xi orientou o partido a influenciar os fiéis para que amem o país, defendam a unidade nacional e sirvam aos interesses do Estado chinês.

Apesar da pressão, igrejas domésticas continuam se expandindo. Fundada em 2007 por Jin Mingri com apenas 20 pessoas, a Zion Church soma hoje cerca de 10 mil membros em 40 cidades, uma das maiores igrejas subterrâneas do país.
Em setembro de 2018, o partido proibiu oficialmente a Zion Church, diante da recusa de instalar câmeras de segurança em seu espaço de culto em Pequim. Jin e outros líderes foram detidos por curto período, e várias congregações, investigadas e fechadas. A família de Jin foi para os EUA, enquanto ele ficou impedido de sair da China.
Mesmo assim, a igreja manteve atividades em pequenos grupos e continuou compartilhando sermões na internet. A ChinaAid considera esta operação policial a maior repressão coordenada contra cristãos em mais de 40 anos. Bob Fu, fundador da organização, comparou o movimento atual aos piores episódios dos anos 1980, quando igrejas urbanas ressurgiram depois da Revolução Cultural.
Pequim faz repressão violenta
Antes de se tornar pastor, Jin foi estudante da Universidade de Pequim e participou dos protestos de 1989 na Praça Tiananmen. Ele tem doutorado em ministério pelo Fuller Theological Seminary, famoso seminário protestante dos EUA.
Em carta, Liu Chunli, esposa de Jin, pediu orações e relatou choque, tristeza e preocupação. “Ele é inocente e esperávamos reencontrá-lo depois de sete anos separados”, afirmou. A filha, Jin Drexel, declarou estar assustada. “Mas também temos fé no Senhor e sabemos que ele [Jin] está fazendo o trabalho dado por Deus.”
Diversas igrejas domésticas chinesas também exigem a libertação dos detidos. Sean Long, pastor da Zion Church nos EUA, afirmou que Jin antecipava uma repressão desse porte e via o encarceramento como o pontapé para um novo avivamento espiritual entre os cristãos chineses.
Segundo Long, mais de 30 pastores e funcionários foram presos ou estão inacessíveis desde a última quinta-feira, 9. Alguns respondem por crimes como “disseminação ilegal de informações religiosas pela internet”. Testemunhas relatam violência policial e uso de listas de procurados. Uma pastora foi separada à força de seu bebê recém-nascido.
Long apelou à comunidade cristã mundial para pressionar o governo chinês a libertar os presos e encerrar as prisões. Ele disse que os fiéis não são criminosos nem hostis ao Partido Comunista nem à China, mas cristãos que amam seu país, cultura e sociedade, sem envolvimento nas disputas entre EUA e China.
Apesar do clima de medo, Long afirmou que as detenções não impedirão a continuidade da fé. “Nós ainda temos transmissão on-line dos cultos e não vamos parar o que estamos fazendo”, afirmou. “Vamos compartilhar as boas-novas de Jesus Cristo, não importa o custo.”
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