“O lado chinês respeita o estatuto de soberania dos Estados após o colapso da União Soviética”, assegurou a porta-voz do MNE chinês
O Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros garantiu esta segunda-feira que Pequim respeita o estatuto de independência das antigas nações soviéticas, entre as quais se encontra a Ucrânia. As declarações surgem depois de o embaixador chinês em Paris ter questionado a soberania desses países, provocando descontentamento entre vários líderes internacionais. A polémica está na agenda dos 27 para uma reunião sobre as relações UE-China, nas próximas horas.”O lado chinês respeita o estatuto de soberania dos Estados após o colapso da União Soviética”, assegurou a porta-voz do MNE chinês, Mao Ning, após questionada por jornalistas sobre se apoiava as declarações do embaixador em Paris.
A responsável insistiu que a posição de Pequim quanto a esse tema é “consistente e clara” e acrescentou que a China foi um dos primeiros países a estabelecer relações diplomáticas com essas nações.Mao Ning afirmou que a China respeita a soberania, independência e integridade territorial de todos os países e que defende os objetivos e princípios da Carta das Nações Unidas.
Questionada em concreto sobre a soberania da Ucrânia, a porta-voz vincou mais uma vez a “objetividade e justiça” na posição chinesa. “A União Soviética era um Estado federal e externamente estava, como um todo, sujeita ao direito internacional. Assim sendo, após a dissolução da União Soviética, as várias repúblicas mantêm o estatuto de Estados soberanos”, afirmou.
Ning acrescentou que apenas os Estados soberanos podem tornar-se membros oficiais das Nações Unidas. “E o país que mencionam é um membro das Nações Unidas”, disse, referindo-se à Ucrânia.
Na sexta-feira, em entrevista a uma estação francesa de televisão, o embaixador chinês Lu Shaye declarou que as antigas nações soviéticas, como a Ucrânia, não possuíam “um verdadeiro estatuto a nível do direito internacional”.
Do lado do Governo francês, um funcionário citado pela agência Reuters avançou que haverá esta segunda-feira uma discussão “muito firme” entre o embaixador chinês e o Ministério francês dos Negócios Estrangeiros.
Esta não é a primeira vez que Lu Shaye é convocado pelo MNE francês para prestar declarações desde que é embaixador. Uma das ocasiões foi após sugerir que a França estava a abandonar pessoas idosas em lares durante a pandemia de covid-19.
“Totalmente inaceitáveis”
Vários ministros dos Negócios Estrangeiros de países europeus apressaram-se a condenar as declarações do embaixador chinês. “Os comentários são totalmente inaceitáveis”, considerou o MNE da Chéquia, Jan Lipavsky. “Espero que os superiores deste embaixador resolvam a situação”.
O homólogo da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, disse por sua vez que os três países bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia, todas ex-nações soviéticas) vão convocar representantes chineses para pedirem oficialmente esclarecimentos sobre as declarações.
Já o MNE luxemburguês, Jean Asselborn, considerou um “erro” os comentários do embaixador chinês e afirmou que estão a ser feitos esforços para acalmar a tensão levantada após a polémica.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou que os 27 vão esta segunda-feira, durante uma reunião, “abordar e recalibrar a estratégia europeia em relação à China” e que os comentários do embaixador Lu fariam parte da discussão.
“Teremos de continuar as discussões sobre a China, já que esta representa um dos nossos maiores assuntos de política externa”, declarou aos jornalistas.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, já adiantou que na próxima cimeira de líderes da UE, em junho, será debatida a posição dos 27 quanto à China e as futuras relações com Pequim.
*Com informações rtp
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